sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Descubra sete mitos comuns sobre emagrecimento


Comer depois das 18h engorda? Preciso cortar o carboidrato se quiser perder peso? Dieta é mesmo a melhor forma de entrar na calça jeans? Segundo a Fox News, essas e outras questões são dúvidas comuns entre as pessoas que estão em guerra com a balança. A publicação listou sete mitos muito comuns o assunto é perder peso. Confira:

Mito nº 1 - É proibido comer depois das 20h para não acumular gordura 

A verdade: seu corpo não sabe a diferença entre o café da manhã ou o jantar. Por isso, a refeição da noite anterior vai entrar no sistema e ser usada nas atividades da manhã seguinte. Mas fique atento: quando estamos cansados, é comum ingerirmos alimentos calóricos. Se você é desses e não abre mão do lanchinho da noite, deixe opções prontas na geladeira (como frutas cortadas ou legumes semi-cozidos) para saciar a fome sem botar a perder a dieta.

Mito nº 2 - Comer pequenas porções de alimentos acelera o metabolismo 

A verdade: alguns alimentos, incluindo os que contém cafeína, podem fazer o corpo queimar mais calorias. Mas o efeito é pequeno demais para ajudar a perder peso. O que influencia esse processo na verdade é a composição do corpo e o tamanho. Pessoas com maior percentual de massa magra no corpo conseguem queimar mais calorias. Ou seja, invista em modalidades como musculação, pilates e ioga, que estimulam a musculatura do corpo.

Mito nº 3 - Massas fazem você engordar 

A verdade: carboidratos são fonte importante de energia para o corpo. O problema é que as pessoas tendem a comer demais desse alimento junto com outros ingredientes - como molhos e carnes - que contém ainda mais calorias. Pense no macarrão (ou outra massa de sua preferência) como um ingrediente e não a base da receita, misturando com outros alimentos como vegetais e carne magra. Também prefira as opções integrais, que vão manter a fome longe por mais tempo.

Mito nº 4 - Café pode ajudar você a perder peso 

A verdade: o café pode momentaneamente diminuir o apetite, mas não é suficiente para ajudar no emagrecimento. Pior: se você tomar muito da bebida, pode ficar ansioso ter problemas de pressão arterial. Outro problema de exagerar na cafeína é que ela altera o padrão de sono e, cada mais, estudos relacionam a perda de peso com boas noites de descanso. O ideal é manter o consumo (incluindo de chás) em duas xícaras por dia. Se adicionar açúcar ou chocolate, não se esqueça de contabilizar as calorias.

Mito nº 5 - Leite pode ajudar você a perder peso 

A verdade: o cálcio faz bem aos ossos, mas não interfere no acúmulo de gordura no corpo. Na verdade, alguns estudos ligaram o consumo de leite com uma maior ingestão de calorias. Não deixe de consumir laticínios, mas prefira as versões light ou desnatado. Se a ingestão de cálcio for o seu foco, é possível encontrá-lo em vegetais de folha escura (espinafre, brócolis, couve etc.)e produtos enriquecidos com o mineral, como leite de soja e suco de laranja.

Mito nº 6 - Fazer dieta é a melhor forma de emagrecer 

A verdade: a curto prazo, o corpo de fato vai perder peso. No entanto, medidas temporárias causam perdas temporárias, e as chances de engordar novamente são grandes. Por isso, o melhor é fazer uma reeducação alimentar e manter a nova alimentação. O plano funciona melhor se aliado a exercícios físicos, que não apenas ajudam a perder os quilos a mais como também a manter o corpo magro.

Mito nº 7 - Comer proteínas e carboidratos separadamente ajuda a perder peso

A verdade: não existem provas de que comer apenas determinado grupo de alimentos em cada refeição ajuda a emagrecer. Na verdade, unir proteínas com carboidratos integrais (que contém muita fibra) é a melhor maneira de manter o estômago cheio e a fome longe. Apenas saiba escolher: prefira proteínas sem gordura saturada (como carne branca) e carboidratos integrais ou vegetais e frutas. Como demoram mais para serem digeridos, a energia será liberada aos poucos no organismo e a fome vai demorar a bater.


Fonte: http://saude.terra.com.br/noticias/0,,OI5485708-EI16559,00-Descubra+sete+mitos+comuns+sobre+emagrecimento.html#tarticle



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Relacionamentos: as projeções. Por Osho.


É um fato conhecido: você não se apaixona por alguém; você não se apaixona pela pessoa real, você se apaixona pela pessoa de sua imaginação. E enquanto vocês não vivem juntos,  e você vê o outro da sua sacada,  ou você o encontra na praia por alguns minutos, ou você segura suas mãos no cinema, você começa a sentir: “Somos feitos um para o outro” .

Mas ninguém é feito um para o outro. Você vai  projetando mais e mais imaginação sobre o outro, inconscientemente. Você cria um certa aura em torno dele e ele cria uma certa aura em torno de você. Tudo parece ser lindo, porque você faz tudo parecer lindo, sonhando, evitando a realidade.  E ambos ficam sonhando, tentando de todas as formas possíveis não perturbar a imaginação do outro.

Assim, a mulher se comporta do jeito que o homem quer que ela se comporte; o homem se comporta do jeito que a mulher quer que ele se comporte. Mas isso só pode durar alguns minutos ou algumas horas no máximo.

Uma vez que vocês se casem e tenham que viver juntos vinte e quatro horas por dia, torna-se uma carga pesada continuar fingindo alguma coisa que você não é.

Preencher a imaginação do homem ou da mulher, por quanto tempo você pode continuar representando? Mas cedo ou mais tarde torna-se um peso e você começa a se vingar. Você começa a destruir toda a imaginação que o homem criou em torno de você, porque você não quer ficar aprisionada nela; você quer se livrar daquilo e ser você mesma.

E a mesma é a situação com o homem: ele quer se livrar e ser ele mesmo. E esse é o conflito entre todos os amantes, em todas as relações.

A realidade é: somos sozinhos, somos estranhos e será muito melhor se aceitarmos a verdade básica de que somos estranhos. Podemos saber o nome um do outro, podemos ter visto o rosto um do outro muitas vezes – isso não importa. Nossos seres estão tão escondidos e tão lá no fundo, que não há como eu poder tocar o ser de alguém, ou possa ver o ser de alguém – e é aí que reside toda a estranheza. Mas não acho que isso seja uma catástrofe; pelo contrário sinto isso como uma benção. Se não fôssemos estranhos seríamos robôs. Nossa estranheza nos dá individualidade, singularidade.

* Osho (1931-1990), filósofo indiano e um dos maiores líderes espirituais de todos os tempos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Afinal, o que é um diagnóstico?


Por Monica Aiub

"Na interface entre medicina e filosofia, é papel da filosofia questionar os métodos utilizados para a construção dos padrões de diagnósticos, observar até que ponto o olhar do médico não conduz o processo, refletir acerca da singularidade e da plasticidade do funcionamento cerebral, assim como sobre o conceito de mente e suas implicações na compreensão de nossas formas de vida. Da mesma forma que a neurociência provoca a filosofia a rever suas teses, a filosofia possui o papel de provocar a neurociência a rever suas construções, a movimentar-se diante do vivido"

Conforme abordado no artigo “Eu sou um diagnóstico”, um diagnóstico surge muitas vezes como uma questão no consultório de filosofia clínica. “Qual o significado de um diagnóstico recebido?” é a questão proposta pelo leitor, que provoca algumas reflexões aqui expostas.

Para abordar a questão do significado de um diagnóstico, é preciso observar quais os processos traçados para delineá-lo, assim como outras questões que estabelecem interfaces entre filosofia e medicina. 

Iniciando pelo processo de estabelecimento de um diagnóstico, é possível falar em diagnósticos: sindrômico, anatômico ou topográfico, e etiológico. O primeiro, sindrômico, parte da observação de sinais e sintomas. Sintomas são descrições do paciente, e sinais são observações do médico, verificáveis no paciente. Em outras palavras, quando o paciente chega ao consultório e, perguntado pelo médico sobre “o que se passa”, “o que sente”, ele relata suas dores, seu estado.

Há, em seu relato, um conjunto de sintomas que se delineia. Tal conjunto é constituído por descrições em primeira pessoa, acessíveis somente ao paciente, que relatará ao médico seus “estados mentais”: crenças, desejos, ilusões, dores, sentimentos, pensamentos, sonhos, etc. O médico, por sua vez, interpretará os sintomas, juntamente com os sinais observados, a partir dos conhecimentos em medicina sobre as possíveis síndromes. Isto significa que, além de um vasto conhecimento acerca das síndromes em medicina, o médico precisa saber contextualizar e significar os sintomas relatados por seu paciente, e o paciente precisa saber descrever o que sente, algo que nem sempre é fácil.

Os sinais são observados pelo médico, avaliados e interpretados de acordo com os padrões de normalidade, saúde e doença, estabelecidos pelas pesquisas em medicina. Tais observações ocorrem em linguagem de terceira pessoa, ou seja, há critérios objetivos, científicos para tais observações. O diagnóstico sindrômico tem seu primeiro momento na análise dos dados observados nos sinais (linguagem em terceira pessoa) e sintomas(linguagem em primeira pessoa). A partir desses, o médico levanta as hipóteses de diagnóstico e, dependendo do caso, solicita exames para verificar suas hipóteses ou descartar outras possibilidades. 

Em se tratando de questões relativas a transtornos mentais, os sinais observados referem-se a: Aparência e comportamento (Idade aparente; asseio e autocuidado; vestuário ; expressão facial; postura; atividade motora; atitude; relação com o médico), fala e linguagem (fluxo de palavras, compreensão; organização, lógica e coerência; obsessões, divagações, fuga de ideias; associações frouxas, perseveração), afeto (expressão facial; voz; movimentos corporais), conteúdo do pensamento (preocupações; fenômenos psicóticos; distorções da percepção; ideação suicida) e cognição (consciência; atenção; orientação e memória; lastro de conhecimento; cálculos; abstrações; julgamento). 

É interessante observar o quanto é ou não possível avaliar objetivamente os dados descritos acima. É preciso que o médico possua muita habilidade para identificar as sutilezas que diferenciam questões orgânicas de questões contextuais. Obviamente, para estabelecer tais distinções o médico precisaria conhecer os contextos de seu paciente, seu modo de pensar, sentir, agir, suas formas de expressão, a fim de não confundir, por exemplo, tristeza, melancolia e depressão. Precisará, também, solicitar uma série de exames, a fim de analisar suas hipóteses.

Como não há exames laboratoriais para ratificar transtornos mentais, os exames solicitados são, em sua maioria, para descartar outras possibilidades, especialmente aquelas que se refiram a efeitos fisiológicos de uma substância ou a um estado geral de saúde. Passamos, portanto, à segunda fase do diagnóstico: o diagnóstico anatômico ou topográfico. 

Se observarmos as questões relativas a processos cognitivos, apresentadas nos casos de transtornos mentais, os exames comuns são as neuroimagens (tomografias, ressonâncias magnéticas, etc.). Conforme apresentado no artigo “Por que é importante fazer filosofia da neurociência?” (veja aqui),
apesar de, no senso comum, acreditarmos no “mito da transparência”, tal como nos descrevem Ortega e Zorzanelli, “As imagens cerebrais não são fotografias de um cérebro real, mas a reconstituição visual de parâmetros estatísticos e matemáticos e, por isso, são imagens de números e não de cérebros.” (2010: 52).

Uma tomografia é extremamente útil para detectar coágulos, tumores, uma vez que se trata da combinação de vários cortes no corpo em ângulos e níveis diferentes; uma ressonância permite uma imagem tridimensional, mas nenhum exame de neuroimagem consegue captar nossos estados mentais: nossas dores, sentimentos, pensamentos, crenças. Dependemos, ainda, da descrição numa linguagem em primeira pessoa, e de uma interpretação adequada a tal descrição, para coletarmos os dados necessários para uma avaliação. Além disso, os exames solicitados relacionam-se diretamente às hipóteses do médico, advindas de um diagnóstico sindrômico, o que implica na possibilidade de outras hipóteses serem negligenciadas se ocorrer uma interpretação inicial equivocada, ou ausência de dados que indiquem tais hipóteses. 

O terceiro momento do processo é o diagnóstico etiológico, ou seja, a causa. Se há a hipótese de um hipotireoidismo gerando sintomas que poderiam se confundir com depressão, por exemplo, um exame de sangue poderá confirmar ou descartar a hipótese. Uma vez confirmada, conhecemos a causa daqueles sinais e sintomas e, consequentemente, as formas de tratamento.

No caso de transtornos mentais, não há como estabelecer diagnósticos etiológicos. Temos hipóteses sobre possíveis causas, como por exemplo, a hipótese dopaminérgica para a esquizofrenia, mas não temos causas definitivamente comprovadas. 

Todo esse discurso não tem por objetivo desvalorizar a prática médica. Ao contrário, o trabalho de um médico é de extrema importância, e os métodos utilizados para definir diagnósticos, prognósticos e tratamentos são métodos construídos com base em pesquisas desenvolvidas com bastante seriedade. Contudo, é importante lembrar que as conclusões de tais pesquisas são conclusões prováveis; que um exame é realizado por amostragem, por cálculos estatísticos e matemáticos, e que o conhecimento que possuímos acerca dos processos que constituem nosso organismo ainda é muito pequeno para zerarmos a margem de erro. 

Quando trabalhamos com questões que envolvem transtornos mentais, a situação é muito mais complexa, pois sequer conseguimos definir o que é um estado mental. Seria ele um estado cerebral? O que estaria gerando tal estado? Que interações orgânicas poderiam alterar esse estado? Que acesso temos às informações acerca do que ocorre em nossos estados mentais? Ou acerca do que ocorre em nosso cérebro?

Horwitz e Wakefield em “A tristeza perdida”, afirmam: “Argumentamos que, se as pesquisas sobre o cérebro não considerarem o contexto em que a tristeza se manifesta, correm o risco de diagnosticar equivocadamente um transtorno depressivo em indivíduos que sofrem de tristeza normal e de fazer de suas amostras uma mistura heterogênea de participantes normais e com transtorno. A tristeza normal, tanto quanto o transtorno depressivo, tem estados cerebrais correlatos e pode incluir sintomas de tristeza intensa. Indivíduos vivenciando tristeza normal podem ter alguns dos mesmos marcadores biológicos que aqueles que têm um transtorno genuíno.” (2010: 208). Mais adiante, no mesmo texto, comentando as críticas do passado que condenavam o uso de medicamentos para lidar com os problemas cotidianos, afirmam: “Hoje, numa grande reviravolta, os critérios diagnósticos baseados em sintomas facilmente transformaram o ‘estresse da vida cotidiana’ em indício de doença. Certamente, há um meio-termo mais sensato.” (2010: 224). 

Na interface entre medicina e filosofia, é papel da filosofia questionar os métodos utilizados para a construção dos padrões de diagnósticos, observar até que ponto o olhar do médico não conduz o processo, refletir acerca da singularidade e da plasticidade do funcionamento cerebral, assim como sobre o conceito de mente e suas implicações na compreensão de nossas formas de vida. Da mesma forma que a neurociência provoca a filosofia a rever suas teses, a filosofia possui o papel de provocar a neurociência a rever suas construções, a movimentar-se diante do vivido. 

Por sua vez, a compreensão do significado de um diagnóstico, no consultório de filosofia clínica, depende do significado atribuído pela pessoa, assim como da gravidade da situação e da existência de uma estrutura de acolhimento e cuidado para aquela pessoa. Obviamente, mais do que acolher e cuidar, a filosofia clínica se propõe a conhecer a pessoa que existe para além de um diagnóstico, auxiliando a encontrar formas possíveis e desejáveis de vida a partir do diagnóstico delineado. Por inúmeras vezes, um diagnóstico significa, bem distante de um fim, a possibilidade de recomeços, em novos formatos. 

Referências Bibliográficas:

AIUB, M. Como ler a filosofia clínica: Prática da autonomia de pensamento. São Paulo: Paulus, 2010.
BENNETT, M.; HACKER, P. Fundamentos filosóficos da neurociência. Lisboa, Instituto Piaget, 2005. 
GAZZANIGA, M; IVRY, R; MANGUN, G. Neurociência Cognitiva: a Biologia da mente. Porto Alegre: ARTMED, 2006.
HORWITZ, A; WAKEFIELD, J. A tristeza perdida: Como a psiquiatria transformou a depressão em moda. São Paulo: Summus editorial, 2010. 
LENT, R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos Fundamentais de Neurociência. São Paulo: Atheneu, 2010.
_____ (org). Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
LÓPEZ, M. O processo diagnóstico nas decisões clínicas: Ciência, Arte, Ética. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. 
MORAES, A. P. Q. O livro do cérebro, 1: Funções e anatomia. São Paulo: Duetto, 2009. 
ORTEGA, F.; ZORZANELLI, R. Corpo em evidência: A ciência e a redefinição do humano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. 
TEIXEIRA, J. F. Como ler a Filosofia da Mente. São Paulo: Paulus, 2010.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/filosofia_clinica_diagnostico.htm

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dieta de baixa acidez pode reduzir queimação no estômago


Por Tara Parker Pope/The New York Times

Entre os alimentos altamente ácidos estão os refrigerantes diet e frutas como o morango. O ácido estomacal é, há muito tempo, apontado como causador de males como refluxo e azia. Mas agora, alguns especialistas começam a afirmar que o problema não está só no ácido estomacal que sobe, e sim, no tipo de comida que desce.

A ideia tem recebido atenção ultimamente, notavelmente em livros populares como "Crazy Sexy Diet" e "The Acid Alkaline Food Guide" - que afirmam que os leitores podem melhorar sua saúde concentrando-se no equilíbrio acido-básico na dieta, principalmente comendo mais vegetais e dterminadas frutas, e menos carnes e alimentos processados.

Embora a ciência por trás de tais afirmações não seja definitiva, algumas pesquisas sugerem que haja benefícios numa dieta de baixa acidez. Estudos recentes indicam uma ligação entre a saúde dos ossos e uma dieta de baixa acidez, enquanto outros estudos sugerem que a acidez da dieta ocidental aumenta o risco de diabetes e doenças cardíacas.

Refluxo

Este ano, um pequeno estudo concluiu que limitar a ingestão de alimentos ácidos pode aliviar sintomas de refluxo como tosse e rouquidão em pacientes que não obtiveram melhora com tratamento à base de medicamentos, de acordo com a publicação científica Annals of Otology, Rhinology & Laryngology.

No estudo, 12 homens e 8 mulheres com sintomas de refluxo, que não melhoraram com medicação, foram colocados numa dieta de baixa acidez durante duas semanas, eliminando todos os alimentos com pH menor que 5. Quanto menor o pH, maior a acidez; entre os alimentos altamente ácidos estão refrigerantes diet (2,9 a 3,7), morangos (3,5) e molho barbecue (3,7). De acordo com o estudo, 19 entre 20 pacientes melhoraram depois da dieta de baixa acidez, e 3 eliminaram todos os sintomas.

A autora do estudo, Jamie Koufman, especialista em distúrbios da voz e refluxo laringo-faríngeo (o tipo associado à rouquidão), defende a dieta de baixa acidez em seu novo livro, "Dropping Acid: The Reflux Diet Cookbook & Cure."

Medicamentos contra refluxo agem neutralizando ou reduzindo o ácido produzido no estômago. Mas, apesar do ácido estomacal ser um fator, diz Koufman, o verdadeiro culpado em muitos pacientes é a pepsina, uma enzima digestiva que pode existir no esôfago. Nesses pacientes, diz ela, não é suficiente neutralizar o ácido que sobe do estômago.

"Uma vez que você tenha pepsina no tecido, o acido ingerido é igualmente danoso," disse ela. "Quando você bebe um refrigerante e sente dor no peito, pode ser por causa do ácido que sobe ou por causa do ácido que vem de cima."

Alimentos de baixa acidez equilibram a dieta: menos alimentos de alta acidez e mais alimentos de alta alcalinidade. A escala de pH vai de 0 a 14; a água destilada tem um pH de 7 e é considerada neutra, e a acidez aumenta 10 vezes a cada unidade de pH que diminui. Um alimento com pH 4 é 10 vezes mais ácido que um com pH 5. (o pH do ácido estomacal varia de 1 a 4.)

Conservantes

Nos EUA, os alimentos processados e envasados são particularmente ácidos devido às regras federais que exigem alta acidez como conservante, disse Koufman. Ela nota que o aumento do consumo de tais alimentos coincide com o espantoso aumento dos casos de câncer de esôfago causado por refluxo ácido crônico.

Para aliviar a azia e os sintomas de refluxo, ela recomenda uma dieta "introdutória" estrita, por duas semanas, sem nada que tenha pH inferior a 5 - nenhuma fruta exceto melão e banana, nada de tomate ou cebola, mas muito de outros vegetais, grãos integrais e peixe ou frango sem pele. Alimentos de alta alcalinidade incluem banana (5,6), brócolis (6,2) e aveia (7,2).

Alguns alimentos devem ser eliminados por razões outras que não a acidez. Independentemente dos níveis de pH, carnes gordurosas, laticínios, cafeína, chocolate, bebidas gasosas, frituras, álcool e hortelã são conhecidos por agravar os sintomas de refluxo. Outros alimentos como alho, nozes, pepino e pratos muito condimentados também podem desencadear o refluxo em alguns pacientes.

Para as pessoas que não têm refluxo grave, Koufman sugere uma dieta de manutenção evitando alimentos com pH inferior a 4, que permite itens como maçã, framboesa e iogurte.

Ela observa que a dieta não é tão radical, e é coerente com as recomendações de vários médicos de uma alimentação rica em vegetais, grãos integrais e com redução de carnes e alimentos gordurosos. Mesmo assim, muitas pessoas que seguem dietas relativamente saudáveis podem estar ingerindo muitos alimentos ácidos demais, como refrigerantes diet e sucos cítricos. Ela diz que, uma vez que a pessoa conheça o básico sobre a acidez dos alimentos, assim como quais são seus alimentos-gatilho, é uma dieta relativamente simples de se seguir.

"É um processo de tentativa e erro," disse Koufman. "Os grãos são bons, assim como a maioria dos vegetais. Nada que venha enlatado ou envasado, exceto água, é bom. E feche a cozinha às oito da noite."

Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2011/11/14/dieta-de-baixa-acidez-pode-reduzir-queimacao-no-estomago.jhtm

Ginecomastia atinge cerca de 40% dos homens


Por Juliana Crem

O verão traz o sol, o calor e as férias na praia. Não é incomum, todavia, ver que alguns homens e adolescentes insistem em ir para a praia com camisetas largas que não tiram de jeito nenhum. Para alguns deles, a medida é uma forma de esconder um problema estético que pode ser também de saúde: a ginecomastia.

A ginecomastia é o aumento das mamas masculinas, que podem inclusive ficar maiores do que os seios femininos, e que afeta a vida emocional e também física de cerca de 40% da população masculina. Roberto Stefanelli, cirurgião plástico do Hospital Santa Virgínia, da capital paulista, contou que o problema acontece, frequentemente, por conta de disfunção hormonal, uso de medicamentos ou drogas e até pode ser idiopática (sem causa identificável). "A região mamária aumenta de volume devido ao acúmulo de gordura, desenvolvimento da glândula mamária ou ambos", explicou.

Alan Landecker, cirurgião plástico da clínica que leva seu nome, em São Paulo (SP), disse ainda que há a pseudo-ginecomastia, que acontece quando a mama cresce única e exclusivamente por causa de gordura. "Tive um paciente que se queixava do peso das mamas, porque sentia desconforto físico. Fizemos uma lipoaspiração e tiramos mais de 1l de gordura, que pesava para ele cerca de 1,5kg."

O mal que te faz

O crescimento das mamas pode afetar bastante a autoestima e a sociabilidade masculina, em especial na fase da adolescência. "Eles têm grandes queixas de dificuldade de relacionamentos afetivos por vergonha, mesmo com amigos", lembrou o cirurgião do Hospital Santa Virgínia, que afirmou ainda que o problema pode afetar também a saúde física do portador, já que "é comum recebermos pacientes com problemas de coluna por manterem posições viciadas, como a de dobrar os ombros para frente para esconder o aumento das mamas".

A ginecomastia se apresenta em três graus, sendo o primeiro o mais leve, com aumento apenas nas aréolas e o terceiro , o mais grave, com o aumento da mama até o tórax e sobra de pele. "Já tivemos pacientes com as mamas maiores do que a de algumas mulheres. Lembro de um que tinha uma irmã que queria colocar prótese e ela dizia na consulta que queria ter as mamas do mesmo tamanhos das do irmão. Isso provoca um trauma grande na família toda, fora os problemas psicológicos e a formação de câncer de mama, que não é comum, mas pode acontecer", descreveu Roberto Stefanelli.

O problema pode ainda afetar apenas um dos lados do corpo, criando assimetria e Landecker contou que a ginecomastia pode ser levemente dolorida, mas não é o comum.

Na mesa de cirurgia

Há diversas maneiras de tratar a ginecomastia e cada caso deve ser estudado individualmente. Alan Landecker contou que há casos leves, em especial em adolescentes, nos quais não se faz nada, além de esperar o crescimento do paciente e a normalização do tamanho da mama. "Mas o procedimento cirúrgico é, habitualmente, o que resolve o problema", disse Stefanelli.

Dentre as cirurgias que podem ser realizadas para sanar o problema, estão a lipoaspiração com ou sem retirada de tecido mamário, em casos moderados, e, em casos mais graves, "temos que retirar gordura, tecido mamário, que não vai fazer falta, e pele. É um procedimento semelhante ao da mamoplastia que realizamos nas mulheres", ensinou Landecker.

Em adolescentes que sofreram com o efeito sanfona, a ginecomastia é um problema comum, mas os profissionais alertaram que uma cirurgia só é realizada após a estabilização do peso ideal por, pelo menos, seis meses. Além disso, "devemos pesquisar a provável causa do aumento do volume mamário e, caso seja identificada, um tratamento deve ser realizado antes da cirurgia", contou Stefanelli, já que problemas hepáticos e renais também podem contribuir com o crescimento das mamas. "Fazemos uma ultrassonografia também para detectar se o aumento da mama é por causa de gordura, tecido mamário ou ambas", disse o cirurgião do Hospital Santa Virgínia. Mamografias também podem ser utilizadas.

Se o paciente não apresenta problemas físicos associados, a cirurgia acontece pela manhã, com alta no mesmo dia. No pós-operatório é preciso usar cinta elástica, que parece um sutiã específico, por até três meses após a cirurgia, fazendo drenagem linfática no terceiro dia pós-cirurgia - cerca de cinco sessões -, para reduzir o inchaço, a formação de hematomas e a possibilidade de nódulos de fibrose embaixo da pele, que a deixariam irregular.

A primeira semana é de repouso total. Após a segunda semana já é permitido dirigir. Exercícios físicos são plenamente liberados após um mês, assim como abaixar para pegar objetos e crianças.

Fonte:http://vidaeestilo.terra.com.br/homem/interna/0,,OI5466203-EI14242,00-Ginecomastia+atinge+cerca+de+dos+homens+saiba+mais.html

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

8 motivos médicos por trás da fadiga


O cansaço sem fim muitas vezes não é provocado por excesso de trabalho ou estresse nas alturas. Em certos casos, ele pode ser sinal de alguma pane no organismo

Por Mariana Agunzi 

Ela parece uma companheira chata que insiste em não se ausentar. Durante o dia, à noite, no trabalho e até mesmo logo após acordar, marca presença e teima em sugar as nossas energias. Estamos falando da fadiga, aquele cansaço interminável e persistente que dá a sensação de que qualquer atividade cotidiana exige um esforço sobre- humano para ser realizada.

O problema pode ser, sem dúvida, um reflexo da vida moderna. Afinal, passar horas no trânsito todos os dias, trabalhar demais e viver naquele estresse constante acaba levando ao esgotamento do corpo e da mente. Porém, existem outros casos em que a fadiga pode ser consequência de uma noite maldormida ou, mais grave ainda, sintoma de uma doença. "Muitas vezes, os pacientes se queixam de falta de energia. Mas trata-se de uma expressão muito vaga, capaz de indicar desde sonolência até depressão", analisa o neurologista Israel Roitman, especialista em medicina do sono do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

O fato é que a canseira exacerbada tem origem de fato no cérebro. Ele envia a todo momento impulsos elétricos para o corpo, e esses impulsos, ao chegarem aos músculos, sofrem reações químicas, resultando em energia mecânica — ou seja, nos movimentos. "A fadiga é fruto de um desequilíbrio, ou seja, quando não há harmonia entre esses estímulos", afirma Cláudio Pavanelli, fisiologista do Flamengo, no Rio de Janeiro.

É claro que ninguém está fadado a viver lutando para manter o pique em alta. Algumas mudanças no estilo de vida já ajudam a repor o gás total. Além disso, entender as causas do esgotamento é primordial para domá-lo, principalmente nos casos em que ele vem de enfermidades. Por isso, nada de desanimar: o importante é se mexer e recarregar as baterias.

A síndrome da fadiga crônica Quando o cansaço persiste por meses a fio e não tem causa definida, ele pode ganhar essa alcunha. Apesar de não ter sido completamente desvendada, os pesquisadores acreditam que a síndrome da fadiga crônica decorre de infecções e doenças autoimunes. Para contorná-la, exercícios físicos e hábitos alimentares saudáveis são essenciais.

Por que a pilha fica fraca?

1.Diabete. Como a principal marca da doença é a dificuldade de o açúcar entrar nas células, seja pela falta de produção de insulina, seja pela incapacidade desse hormônio de trabalhar, a glicose no sangue se eleva. "e a glicemia alta faz o indivíduo urinar mais, emagrecer e perder massa magra. Por isso, é comum diabéticos terem cansaço muscular", afirma Maria Ângela Zaccarelli, euroendocrinologista do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.

2. Anemia. escassez de ferro não tem como sinal único a pele pálida. a fadiga é uma de suas características predominantes. "a anemia pode causar cansaço, sono, desânimo, queda de cabelos e até mesmo falta de ar", afirma a nutricionista Roseli Ueno, da Universidade de São Paulo. Nas mulheres, é um fenômeno mais recorrente durante a menstruação, quando a perda de sangue aumenta o déficit de ferro no organismo.

3. Apneia. O popular ronco destrói a qualidade do sono do indivíduo. ele é duas vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres e, por se distinguir pela interrupção da passagem do ar pela garganta, provoca o ruído e despertares breves durante a noite. essa insconstância durante o repouso noturno pode ter como consequência uma leseira sem hora para acabar no dia seguinte.

4. Depressão. Vigor abaixo de zero é um traço de quem padece desse problema. apesar de ser uma doença de origem psíquica, a depressão mina a disposição física. "Nela, ocorre um processo inflamatório dentro dos neurônios que atrapalha seu funcionamento. e isso acaba gerando o cansaço", afirma o psiquiatra teng Chei tung, do instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

5. Fibromialgia. Essa síndrome aflora a sensibilidade para a dor. estima-se que apenas um homem a cada oito mulheres apresenta a doença, que tem raiz genética, podendo passar de mãe para filha. as dores constantes levam à debilitação. "a pessoa pode ter o sono perturbado e levantar fatigada, sem falar que a própria dor já gera indisposição", explica o reumatologista Roberto Heymann, da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

6. Doença cardíaca. Piripaques no peito também estão na lista dos motivos por trás de uma letargia. arritmia e entupimento de artérias são alguns dos precursores da canseira exacerbada. "o coração problemático não bombeia direito o sangue para todos os órgãos. Com isso, eles tendem a entrar em falência", avisa Ricardo Pavanello, supervisor de cardiologia do Hospital do Coração de São Paulo. Sinal do perigo: uma baita fadiga

7. Distúrbios da tireoide. Os hormônios tireoidianos são vitais para manter o metabolismo aceso. Uma característica comum entre o hipertireoidismo, quando a tireoide trabalha demais, e o hipotireoidismo, situação em que a glândula fica lenta, é a apatia total. "o coração bate muito rápido e o indivíduo se queixa de cansaço extremo", afirma Maria Ângela Zaccarelli.

8. infecções. Além da febre, outro sinal que deve ser notado nesses casos é a diminuição, por assim dizer, da vitalidade. Seja naquela gripe passageira, seja em um quadro mais severo, como a hepatite, a pessoa fica enfraquecida, em maior ou menor grau. "é que o organismo concentra suas forças na luta contra o agente infeccioso", justifica o infectologista Plínio trabasso, da Universidade estadual de Campinas, no interior paulista. daí o esgotamento do indivíduo.

6 táticas para recarregar as baterias. Hábitos e atitudes que energizam o dia a dia

1.Checkups. Se a fadiga não vai embora, o importante é procurar auxílio de um médico. ele poderá pedir exames como hemograma, teste de glicemia, dosagem hormonal e outros mais específicos, caso do eletrocardiograma e do teste de função hepática, que ajudam a identificar o que está prejudicando a disposição.

2. Hidratação. Para quem não quer se cansar, um conselho: manter o corpo abastecido de líquidos pode ser uma tática de sucesso. "Se a pessoa não se hidratar, as células vão extrair a água da circulação. o sangue se torna mais denso e a absorção da energia também vai ser dificultada", explica o fisiologista Cláudio Pavanelli.

3. Alimentar-se regularmente. Fazer refeições a cada três horas é outro segredo para afastar a fadiga ao evitar a queda brusca das taxas de açúcar no sangue. "a maioria dos indivíduos que reclamam de falta de energia não come direito", ressalta Roseli Ueno. Proteínas, carboidratos, fibras e gorduras como o ômega-3 devem estar no cardápio.

4. Exercícios físicos. Exercitar o corpo melhora a captação, o transporte e a utilização do oxigênio em nosso organismo. Coração, pulmão e músculos conseguem converter mais desse gás em energia. Por isso, deixar a preguiça de lado e mexer o corpo é um excelente começo para driblar o cansaço constante.

5. Dormir bem. Pregar os olhos por pelo menos oito horas é sinônimo de disposição. o neurologista israel Roitman dá a receita do bom sono: evitar álcool, bebidas cafeinadas e refeições pesadas; ir para a cama sempre no mesmo horário; por fim, nada de ver tv, usar o computador e se exercitar até três horas antes de dormir. 

6. Atividades prazerosas. Atenuar o estresse é fundamental para fugir da indisposição. e nada melhor do que fazer aquilo de que se gosta para chacoalhar a rotina. "as atividades prazerosas são estimulantes para o cérebro e para o corpo. enfim, evitam que a gente enferruje", afirma o psiquiatra teng Chei tung.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mulheres têm força

A índia shawãnaua Francisca das Chagas, 59 anos, mora no vale do Juruá, no Acre, e é parteira tradicional. Desde 2006 ela vem a São Paulo divulgar seu trabalho e experiências e realizar partos. Com 11 filhos e 10 netos, todos nascidos sob suas mãos, Francisca aprendeu com os pais e os avós o ofício de ajudar a nascer, junto com o preparo e o uso medicinal das plantas da floresta amazônica.

Começou com 15 anos, na aldeia, fazendo o parto da cunhada. Desde então, trabalha para melhorar a saúde e a qualidade de vida das gestantes e dos membros da comunidade.

Enquanto faz massagens na barriga das parturientes, ajeitando o nenê, Franscisca conversa com ele: ”Você ajude a sua mãe para ela ter um parto feliz e você ser feliz também.”

Francisca explica que no parto de cócoras, com o marido segurando por trás, “o nenê desce mais rápido, não é como a mulher deitada na maca do hospital.”Nessa posição, quando dizem para ela fazer força, em vez de a força ser para baixo, é para cima. O médico diz que ela não tem força e aí corta, mas ela tem força, sim. Só não está na posição correta.”

Durante a gestação, a parteira receita banhos de assento feitos com folhas do algodão roxo e de capeba, que a mãe deve tomar até entrar em trabalho de parto, para ajudar na dilatação do útero. A partir do sétimo mês, ela também deve começar a tomar florais, como o da vitória-régia, que ajuda a lidar com o medo e a ansiedade, reforçando sua resistência física e emocional.

http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/469/artigo240219-2.htm

Arte de Nascer


O nascimento é uma operação simples nos países com menores taxas de mortalidade e de complicações pós-parto, como Japão, Holanda, Inglaterra e Suécia. Já o Brasil sofre excesso de medicalização: as maternidades privadas parecem hotéis ou empresas. São raros os obstetras que "permitem" à mulher assumir a posição que quiser para dar à luz. Há evidências de que se sentir protagonista nessa hora deter.


Ter filhos sem intervenções, com poucos medicamentos, sem anestesia ou cortes na região perineal, a grande maioria das mulheres, sem dúvida, consegue. Ao longo da história foi assim. Gravuras antigas mostram mulheres ajoelhadas, de cócoras ou em banquinhos baixos, com as costas na posição vertical. Até o começo do século passado, muitas preferiam a assistência da parteira, tida como mais segura e conveniente. O parto horizontal foi introduzido sob a influência da escola obstétrica francesa, liderada por François Mauriceau. Desde que ele passou a ser hospitalar, feito somente pelos médicos, as opções foram restringidas a parto natural ou cesariana, a verticalização foi substituída pela posição ginecológica e o corte embaixo passou a ser realizado sem questionamentos.

A simplificação desse atendimento começou na Europa e nos Estados Unidos e veio para o Brasil nos anos 1950. Hoje, 80% dos partos realizados nas maternidades particulares e 27% dos realizados nas maternidades públicas são cesáreas, contrariando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de não ultrapassar a taxa dos 15%.

Mas, mesmo com toda a tecnologia dos hospitais, a cesárea ainda é considerada uma intervenção de risco. Não é à toa que existe um movimento pela retomada do parto natural promovido por obstetras preocupados com o excesso de medicalização e por grupos de mulheres que reivindicam melhores condições para ter seus bebês.

“Quando bem utilizada, a tecnologia reduz efetivamente a morte de mães de bebês, mas o excesso de intervenções acaba gerando mais malefícios que benefícios”, diz a médica epidemiologista Daphne Ratter, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, que alerta para a ocorrência de uma inversão. “Quando se ultrapassa e se começa a utilizar uma tecnologia indicada para casos de risco em pessoas que não têm risco nenhum, o mais provável é que se induza ao surgimento de um problema onde ele não existia.”

Na verdade, há várias técnicas graduais de parto amigável e participativo para mulheres que desejam compartilhar o nascimento dos seus filhos.

Leboyer | O obstetra Frédérick Leboyer, ainda ativo na França, foi um dos pioneiros na defesa de uma forma menos violenta de nascer e da importância do vínculo mãe-filho no parto. Introduzido no Brasil em 1974 pelo médico Claudio Basbaum, do Hospital São Luiz, em São Paulo, o parto Leboyer é feito com pouca luz, muito silêncio e massagem nas costas do bebê, que não recebe a famosa palmada “para abrir os pulmões”. Além disso, o primeiro banho é feito próximo à mãe e a amamentação precoce é estimulada. O foco é o recém-nascido.

Nesse tipo de parto, a mulher continua deitada de costas, com as pernas apoiadas em estribos, e é realizada a episiotomia, uma incisão no períneo (a região muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal do parto, em geral com anestesia local.

De cócoras | Sob o foco da liberdade de movimentos para as mulheres, o parto de cócoras ou ativo é bem aceito. Mais rápido, dado o auxílio da gravidade, é mais saudável para o bebê e evita a compressão de importantes vasos sanguíneos, o que acontece com a mulher deitada de costas. Agachada, ela pode se apoiar nos ombros e nos braços do companheiro, que exerce papel decisivo tanto físico quanto psicológico.

A técnica é indicada para mulheres que tiveram gravidez saudável, sem problemas de pressão e também se o feto estiver na posição cefálica correta (com a cabeça para baixo). O médico curitibano Moysés Paciornik (1914-2008) promoveu essa modalidade no Brasil inspirado nas índias da tribo caingangue. Juntamente com seu filho, Cláudio Paciornik, inventou uma cadeira para ser usada em hospitais que permite várias posições para a mãe.

Em Londres (Inglaterra), a educadora perinatal Janet Balaskas lidera um movimento pelo parto ativo trabalhando com gestantes em aulas de ioga. Após anos de prática, ela observa que depois da preparação física e psicológica raramente ocorrem depressões pós-parto, problemas com a amamentação ou com a recuperação da parturiente. Para Janet, a grávida tem de esquecer o calendário de papel e se concentrar no calendário do seu corpo.

Protagonismo | Para o Ministério da Saúde, “parto humanizado” significa o direito de toda gestante passar por pelo menos seis consultas de exame pré-natal e ter seu lugar garantido em um hospital na hora do parto.

Para a Rede Brasileira pela Humanização do Nascimento e ONGs como Parto do Princípio (São Paulo, SP), Bem Nascer (Belo Horizonte, MG) e Despertar do Parto (Ribeirão Preto, SP), trata-se de devolver à mulher o protagonismo do parto, “fortalecendo a capacidade de parir”, enfatiza a médica Daphne Ratter. Os defensores do movimento entendem a gestação e o parto como eventos fisiológicos perfeitos, nos quais apenas 15% a 20% das gestantes apresentam problemas, necessitando de cuidados especiais. Cabe ao médico acompanhar, interferindo em caso de real necessidade.

Na água | “Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer”, diz o obstetra francês Michel Odent, teórico do parto humanizado. Precursor do home-birth (parto domiciliar) e do parto na água, praticado em banheiras especiais ou improvisadas, o obstetra introduziu a utilização das piscinas aquecidas nas maternidades, permitindo que as mulheres parissem acompanhadas.

Estudos científicos comprovam que o uso da água quente combate a tensão e a dor e ajuda na dilatação do colo do útero. O bebê nasce de forma mais suave e o períneo da mãe ganha maior flexibilidade. Segundo Odent, durante o processo de parto, tanto a mãe como o bebê atingem taxas hormonais específicas ao mesmo tempo. Todos esses hormônios, antes de serem eliminados, têm uma função muito particular imediatamente à primeira hora após o nascimento. Esse início de vida é o momento chave, o que acontece pode vincular bem a mãe ao bebê, ou não.

Natural, sem dor | Com a popularização das questões ecológicas e a retomada de uma vida mais saudável e espiritualizada, muitas mulheres passaram a optar pelo parto natural. Quase idêntico ao normal, ele dispensa intervenções como anestesia e indução. O médico apenas acompanha a movimentação da mulher, no hospital ou em casa.

O parto normal é a forma convencional de dar à luz, mas não precisa ser doloroso. Anestesias como a peridural e a raquidiana aliviam as dores sem impedir que a mãe participe. A anestesia bloqueia a dor, mas também diminui as sensações das pernas e do assoalho pélvico, responsáveis pela força que a mulher faz na hora de “empurrar” o bebê. Comparado com a cesariana, o parto natural evita complicações como hematomas, dores pélvicas e infecções e diminui muito o tempo da recuperação.

Parto sem dor é um termo que remete aos métodos psicoprofiláticos (que usam a palavra como anestesia). Eles propõem treinamento preparatório às gestantes, baseado em técnicas respiratórias, de relaxamento e de concentração. Um dos mais conhecidos é o Lamaze, que surgiu na Rússia e foi difundido por todo o mundo pelo médico francês Fernand Lamaze.

Não há dúvida de que uma mulher bem preparada e bem acompanhada durante todo o processo, entendendo o mecanismo simples do nascimento, pode ter muito menos dor do que uma mulher assustada e tensa.