quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ambição: qualidade ou defeito?


Ser ambicioso é, afinal, bom ou ruim? Isso depende essencialmente do tipo de ambição que cada um de nós alimenta

Por Eugenio Mussak

Há predicados que são obviamente elogiosos, enquanto outros são depreciativos. Dizer que alguém é culto ou boa gente equivale a elogiar. Já chamar alguém de arrogante, burro ou vulgar não deixa dúvidas sobre o baixo conceito que temos desse indivíduo. E quando se é classificado como ambicioso? Isso é um elogio ou uma crítica?

Recentemente deparei com uma discussão acalorada com um grupo de executivos durante um workshop, em que se procurava definir os atributos da liderança e do empreendedorismo.

_ Não há grandes líderes que não sejam ambiciosos - disse um jovem.

_Os mais ambiciosos são os empreendedores, que transformam ideias em projetos - retrucou outro candidato a milionário.

O assunto rendeu e as conclusões, afinal, foram esclarecedoras. A primeira foi que sem ambição o ser humano ainda estaria morando nas cavernas. Foi por desejar uma vida melhor, mais segura, que nosso ancestral botou seu recém-surgido córtex pré-frontal para imaginar novas possibilidades e seu polegar opositor para fazer as coisas funcionarem como ele desejava.
A criatividade e o trabalho, vistos dessa forma, são instrumentos a serviço da ambição humana e, como tal, podem ser bem ou mal usados. Destreza é uma questão de treino, mas iniciativa depende da vontade, e esta varia tanto entre as pessoas quanto a cor do cabelo ou a predisposição para engordar. Tem de tudo.

A segunda conclusão foi que, assim como a intensidade da ambição varia entre as pessoas, também varia o tipo. Sim, há mais de um tipo de ambição, e justamente essas características é que teriam influência sobre a postura da pessoa e até sobre o trabalho ou a posição para a qual ela está mais indicada na empresa e na sociedade em geral.

O comum é que se atribua ao ambicioso o forte desejo de ganhar dinheiro e, apesar de não haver nada de errado com isso, foi dessa visão limitada que nasceu a dúvida se ambição é uma qualidade ou um defeito. Em 1904, o sociólogo alemão Max Weber escreveu um extenso artigo intitulado "A ética protestante". No ano seguinte publicou outro, em continuação, chamado "O espírito do capitalismo". Anos depois, a junção das duas reflexões e dos dois títulos deu origem a sua obra mais conhecida, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.

Ao tentar entender as causas do enriquecimento de algumas nações, como a Inglaterra e a Alemanha, e a estagnação econômica e social de outras, Weber identificou, entre outras, a maneira como a religião reinante interpreta o enriquecimento pessoal. Suas observações mostraram que os países de predomínio do catolicismo aceitavam a ética da humildade como sinônimo de pobreza. Para eles, ganhar dinheiro era pecaminoso, não agradava a Deus. Já os protestantes, especialmente os calvinistas, aceitaram que ganhar dinheiro com o trabalho duro é uma forma de seguir os ensinamentos divinos. Para eles, as habilidades humanas, como a arte e o comércio, são dádivas divinas que devem ser estimuladas e valorizadas. E bem pagas, claro.
Ainda que esta não seja a única causa do enriquecimento, a não pecaminização do dinheiro contribuiu para o desenvolvimento dessas nações durante os séculos 19 e 20. Olhando mais de perto, vamos verificar que a ambição produz riqueza e, quando bem conduzida, produz desenvolvimento. Para isso, temos que entender que há mais de um tipo de ambição e que a combinação deles pavimenta o melhor caminho.

· Ter

Esta é a ambição clássica, a de ambicionar dinheiro e bens materiais e que é, com frequência, confundida com ambição propriamente dita. Apesar de não haver erro algum em querer ganhar dinheiro, possuir bens, gostar de luxos, esse tipo de ambição, quando não compensada por bons atributos morais, corre o risco de deslizar para a vala lamacenta da vulgaridade. O erro, em resumo, estaria em se limitar a ambição a essa primeira categoria.

· Ser

Esta, na discussão com os jovens executivos, foi classificada como a "ambição dos grandes homens", aqueles que desejam deixar uma imagem positiva. Afinal, como você quer ser visto por seus filhos, amigos e, principalmente, por você mesmo quando se olha no espelho da consciência?

Há quem deseje ser reconhecido por sua elegância, outros por sua cultura, alguns por serem confiáveis. Todos nos lembramos de alguém que é simpático, agradável, bom, disponível. E nos aproximamos dele, ao mesmo tempo que evitamos aqueles que nunca se preocuparam com desenvolver essas qualidades em sua própria personalidade.

A ambição de ser é subjetiva, está longe de ser tangível como ambicionar ter sua própria empresa ou um apartamento de luxo. Mas é tão ambição quanto. Em outras palavras, é um projeto de futuro, que, como todos os demais, merece atenção diária, planejamento, intenção.

· Aprender

Basta uma rápida olhada sobre o mundo em que vivemos para se perceber a diversidade de opções de aprendizado. Livros, sites, novas áreas de conhecimento, línguas que podemos aprender sem sair de casa, poe¬mas antigos e novos, habilidades clássicas e competências modernas.

· Fazer

Conheço pessoas cujo desejo de realizar é tão forte que se transformaram em dínamos de produção. Em geral, muito trabalhadores não estão satisfeitos a não ser que estejam produzindo, criando, inovando. Essa é a ambição dos empreendedores, daqueles que abrem companhias, conquistam mercados, inventam produtos ou se candidatam a síndico do prédio e se tornam referências comunitárias. São os fazedores, sem os quais o mundo estagna.

· Transformar

Há muito a mudar no mundo para que ele venha a ser um bom lugar para se viver. Injustiças, desigualdades, medos estão ao nosso redor. Mudanças são necessárias em todos os lugares, não podemos nos acomodar.

Essa é a visão dos que têm ambição por transformar o mundo, pelo menos a parcela sobre a qual podemos exercer a influência de nossas ideias e ações. O mundo está em transformação crescente e tem gente que não se contenta em ser observador, quer ser protagonista.

O conjunto da obra

Como vimos, ter ambição é muito mais do que querer ganhar dinheiro. Quando essa é a única ambição, seria melhor se a chamássemos de ganância. E o mais interessante é que, quando a ambição se resume ao ter, é mais provável que nunca se realize. Ganhar dinheiro é consequência.

A conclusão do grupo foi que a ambição varia em escala e qualidade. Os líderes teriam com maior força a ambição do ser e a do transformar. Os empreendedores seriam mais ambiciosos em ter, aprender e fazer. Como em quase tudo, o equilíbrio é sempre o mais desejável.

De qualquer maneira, o tema ambição deve ser olhado com cuidado, pois, quando a mesma não é acompanhada por qualidades, pode ser frustrante ou angustiante. Para resumir o cuidado - principalmente o de não confundir ambição com insatisfação -, lembro um texto do genial Millôr Fernandes sobre o assunto:

Certo dia uma rica senhora viu, num antiquário, uma cadeira que era uma beleza. Negra, feita de mogno e cedro, custava uma fortuna. Era tão bela, que a mulher não titubeou - entrou, pagou, levou para casa.

A cadeira era tão bonita que os outros móveis, antes tão lindos, começaram a parecer insuportáveis à simpática senhora. (Era simpática.) Ela então resolveu vender todos os móveis e comprar outros que pudessem se equiparar à maravilhosa cadeira. E vendeu-os e comprou outros.

Mas, então, a casa, que antes parecia tão bonita, ficou tão bem mobilada que se estabeleceu uma desarmonia flagrante entre casa e móveis. E a senhora começou a achar a casa horrível. E vendeu a casa e comprou uma outra maravilhosa.

Mas dentro daquela casa magnífica, mobilada de maneira esplendorosa, a mulher começou, pouco a pouco, a achar seu marido mesquinho. E trocou de marido.

Mas mesmo assim não conseguia ser feliz. Pois naquela casa magnífica, com aqueles móveis admiráveis e aquele marido fabuloso, todo mundo começou a achá-la extremamente vulgar.

Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/carreira-dinheiro/reportagem/carreira/ambicao-qualidade-ou-defeito-648957.shtml?origem=vida-simples

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Fui traído(a) no amor, e agora?

Por Paulo Ghiraldelli Jr*

Fui imaginando que o Jô Soares iria me fazer uma pergunta sobre adultério. Pois, se há uma pergunta que aparece para quem fala ou escreve sobre o amor é essa, a célebre questão da “traição”. Como a conversa não foi por aí, resta agora eu mesmo tocar no assunto, uma vez que, novamente, os leitores – principalmente as leitoras – têm insistido no tema.

Vejam só que eu não escapei de falar a palavra “adultério” como sinônimo de “traição”! Pois é! Não escapei do vocabulário popular. Não há quem não faça isso. É errado? É certo?  Adultério é adultério, traição é traição. Por que tomamos tais palavras como se pudessem ser intercambiáveis? Bem, pela prática comum entre nós de acreditar que a monogamia é uma regra que se torna moral senão por uma coisa: a promessa de que se troco intimidades com uma pessoa, não devo trocar com outra. Ao menos não no mesmo período. O amor completo, que inclui o sexo, implica em troca de intimidades. Fico sabendo dos segredos de meu parceiro ou parceira na cama. Não de todos os segredos, mas de alguns fundamentais. Podem ser importantes, podem ser banais. Mas, não importa, são segredos! E é isso que faz com que o adultério se pareça com a traição. Ir para a cama com outro ou outra é levar o segredo dele ou dela para outro ou outra. É isso, enfim, que machuca.

Ora, quando digo isso, não são poucos os que não entendem e replicam: “ora, posso muito bem ir para a cama de outro ou outra e não dizer nada, não abrir a boca sobre a pessoa oficial, com quem mantenho um relacionamento estável, então, que segredo eu estaria contando?” É exatamente isso que muitos homens e mulheres não entendem, não passamos segredos por contar ou não alguma coisa, entregamos segredos porque o grande segredo é a intimidade, são os suores trocados, as juras de amor, os cheiros, talvez os tais feromônios! Esse momento, essa vivência, forma um campo magnético, um local de segredo.  Criar esse mesmo ambiente com outro é, de certa forma, levar uma parte do parceiro oficial para o convívio com outro. Eis aí o grande drama da dor do traído.

Quer apostar que é isso? Eu explico!

Quando um homem é traído, ele quer saber quem é o outro e não se furta em pedir detalhes. Talvez, mesmo dolorido ao extremo, ele se excite com os detalhes. Ele quer poder formar uma imagem da esposa ou namorada fazendo sexo oral com o outro. Um descuido, e pode até perguntar se ela tomou o sêmem do outro ou não. Não são poucos os homens que se comportam de modo ridículo nessa hora, mesmo sabendo que estão sendo ridículos. As mulheres perguntam outros detalhes, mas também querem saber de pequenas coisas. A mulher traída quer saber, principalmente, no que a outra é melhor que ela – quer saber especificidades do corpo da outra. Quer saber o lugar da traição. Fica com mais raiva, ainda, se descobrir que foi na sua própria cama! Essa conversa entre casais, quando as traições são expostas, nada são senão a busca de confirmação do que é temido: que fluídos foram trocados no amor. Saber disso é, em parte, materializar a intimidade, tentar ver o que da intimidade oferecida para o parceiro ou parceira, que é palpável, que foi parar no corpo do outro ou outra, que serviu de substância para a montagem do novo momento de intimidade, aquele que caracterizou a traição.

Há mulheres que levam isso ao extremo, consideram a efetivamente dolorosa quando seu parceiro não só penetrou a outra, mas trocou longos beijos com ela. Há homens que fazem algo parecido, mas em relação à posição do amor, querem saber se a mulher ficou de quatro para o outro. E, é claro, como já disse, se fez ou não sexo oral. Troca de fluídos é o que importa. Ou melhor dizendo: é o que se teme. Pois nessa troca é que se materializa, se petrifica, se consolida que uma intimidade foi transferida “materialmente” para a construção da outra intimidade. A situação é quase que metafísica, se é que não é mesmo metafísica. Mas, como toda metafísica que se faz fora de época de metafísica, cai-se rapidamente para a busca de um ponto absoluto e indestrutível que precisa ser material. Uma intimidade é revelada para a outra porque fornece material para a outra. Há uma espécie de reificação do amor, ele se torna coisa. Mas há também um fetichismo, de coisa que ele vira, ele passa a ser, logo, uma coisa viva, um monte de fluídos que correram de um lado e que, então, são oferecidos de outro lado.

Troquei fluídos com você. Você levou parte de meu corpo com você. E então, na cama de outro ou outra, você soltou seus fluídos, junto com os meus, para seu novo parceiro ou parceira. É essa estranha sensação que faz com que chamemos o adultério de traição. Você me levou para a cama do outro sem eu saber que eu estava lá. Eu era sua, você me entregou para outra, para uma mulher! Eu era seu, você me entregou para a outro, para um homem! Há aí, também, um outro elemento: a traição também assim se caracteriza porque você me fez homossexual. Você colocou os meus fluídos, trocados com você, no caldo de outros fluídos, material este de gente do mesmo sexo que eu. Sinto-me então realmente traído ou traída.

Há graus para a percepção disso. Caso todos percebessem isso dessa maneira, assim, não seria preciso o filósofo tentar explicar o adultério como traição. Algumas pessoas não conseguirão enxergar essa relação de cunho metafísico. Irão ficar no banal, ou seja, irão dizer assim: “ah, não é nada disso, eu só quero que ele seja meu e não seja de outro, não quero que ele diga para mim que me ama e então ame outra”. Mas, ficar nisso é ficar no banal. Desbanalizar o banal é conseguir olhar para o sexo no adultério, algo tão comum, descrevendo-o com um vocabulário novo. Não tão novo. O vocabulário que escolhi aqui é posto numa formulação nova. Mas, o que eu disse, não é senão o que é possível ouvir nas brigas de casais. Tudo que falei acima é realmente dito. As pessos conversam assim a quatro paredes, perguntam detalhes, querem saber. Elas querem poder reconstruir o sexo na traição não para sofrerem duas vezes e se desencantarem como o parceiro ou parceira que os traiu. Nada disso. Elas querem mesmo é saber como que os fluídos ficaram ao final, como foi a troca no corpo a corpo. Por isso se quer tanto saber sobre o beijo na boca, a troca de salivas, ou o sexo oral. “Você chupou o pau dele, mas engoliu?”

Pode parecer esquisito tudo isso. Mas, quanto mais velho ficamos, mais podemos saber que uma tal situação não nos é estranha. Algumas pessoas mais pudicas podem não ter tido esse comportamento, quando de se colocar em pratos limpos uma traição. Mas, tal comportamento não é incomum. É na linguagem que a briga conduz que é possível colher tudo que é necessário saber para poder ver como é que consideramos o adultério uma traição. Doar nossa intimidade ao outro – é isto que é o trair. E isso que nos faz efetivamente sofrer.

Quando podemos escapar disso, nos certificando que não houve troca de intimidades para além do que podemos suportar, perdoamos a traição. Há a reconciliação. Todavia, o amor é um cristal, o melhor é nunca quebrá-lo. Pois, de fato, não há concerto para quebra de cristal. Um homem inteligente nunca trai a mulher que ele ama e que o ama, pois não haverá volta. Uma relação adúltera é o começo de um relacionamento e o fim de outro. Não tem como. Assim, se alguém ama sua pardeira e a trai, ele não é um “galinhão”, ele é outro tipo de animal, ele é “burro”.  Como não ser burro? Ah, simples: basta que saibamos que não somos monogâmicos por natureza e, sim, por decisão cultural. Poucos de nós sabe disso. Por isso, muitos de nós constroem suas próprias infelicidades.
*Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo, escritor e professor da UFRRJ

Fonte: http://ghiraldelli.pro.br/2011/11/01/fui-traidoa-no-amor-e-agora/

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A saúde óssea e as dificuldades em repor as perdas de cálcio


Acaba de ser publicado na revista médica "Annals of Internal Medicine" um trabalho que define como ineficientes as plataformas vibratórias como forma de melhorar a massa óssea de mulheres com osteopenia. O dispositivo lembra uma balança, dessas que geralmente temos em casa, com as quais nos pesamos diariamente. A ideia inicial era de que ao nos posicionarmos durante 20 minutos diários em cima de uma delas, a vibração causaria mobilização do mecanismo ósseo que levaria a formação de novas células de osso novo, onde seria posteriormente depositado o cálcio, mineral responsável pela resistência do nosso esqueleto.

A pesquisa avaliou 202 mulheres na menopausa, todas com osteopenia e em uso de suplementos de cálcio e vitamina D. Ao final de 12 meses de uso das tais plataformas, não houve diferença entre as mulheres submetidas ou não às sessões de vibração. Esses resultados demonstraram, conclusivamente, a impossibilidade de mais essa opção terapêutica para o difícil tratamento da perda de massa óssea.

Osteopenia e osteoporose são termos que vem se tornando muito conhecidos, principalmente entre o público feminino, devido à grande freqüência dessas alterações por volta da menopausa. Trata-se de ossos frágeis e propensos a fraturas. Os mecanismos conhecidos como “turnover ósseo” ou seja, a reabsorção de osso velho e a formação de osso novo sofre desaceleração e o resultado final é um menor aporte de cálcio nos ossos,  com desarranjo da microarquitetura óssea,  fragilidade e propensão a fraturas.

Devido às dificuldades no tratamento da osteoporose, o melhor que temos a fazer é prevenir. Para isso, as recomendações são de dieta rica em cálcio,  produção adequada  de vitamina D através da exposição segura aos raios solares e atividade física que predispõe à melhora do “turnover” ósseo e acelera formação óssea.

Quando não há mais como prevenir e a perda do cálcio alcança os níveis de osteoporose, nós  precisamos lançar mão de todas essas recomendações, aliadas à suplementação de cálcio e vitamina D, além dos medicamentos anti reabsortivos. O tratamento é prolongado, oneroso e muitas vezes sujeito a efeitos colaterais que inviabilizam sua manutenção a longo prazo, como seria necessário.

Ao contrário das plataformas vibratórias, as atividades físicas em que pisamos no chão, caminhando ou correndo, assim como os exercícios de musculação, já foram exaustivamente comprovadas como eficientes na prevenção e no tratamento da osteoporose. Aliás, foi daí que surgiu a frustrada idéia de que poderíamos alcançar o mesmo efeito com a passiva utilização das plataformas. 

Fonte: http://comersemculpa.blog.uol.com.br/arch2011-12-01_2011-12-15.html#2011_12-06_20_45_04-142670378-0

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A reeducação postural global (RPG).


Por Daniela da Costa Maia*

A REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL (RPG) é um método revolucionário criado pelo fisioterapeuta francês PHILIPPE EMMANUEL SOUCHARD para a correção de patologias do sistema musculoesquelético. Partindo do sintoma para chegar até a causa de uma dor ou um problema no sistema musculoesquelético, a RPG trata o indivíduo como um todo, porque cada um tem a sua própria resistência à agressão e sua própria maneira de reagir a ela, muitas vezes adotando padrões individuais para evitar uma dor ou um bloqueio. Durante cada sessão, o/a fisioterapeuta utiliza microajustes em alongamento com o paciente em pé, sentado ou deitado. Pode ser indicada, sem limite de idade, para a maioria das patologias, agudas ou crônicas, do sistema musculoesquelético com sintomas (dor, formigamento, tontura) como hérnia de disco, lombalgia, ciática, artrose, hérnia de hiato, azia, cãibras, ombro congelado, joanete, problemas circulatórios, torcicolo, tensão muscular, dor de cabeça; ou sem sintomas, como escoliose, hipercifose dorsal (costas encurvadas), problemas vertebrais, hiperlordose lombar, desvios dos pés e dos joelhos, pé chato, pés cavos.

* M. Sc. Daniela da Costa Maia.  Fisioterapeuta, Mestre em Saúde Ambiente, Especialista em Neurofuncional e Formação no Conceito Bobath. Professora titular de Fisioterapia aplicada a pediatria e Órteses e próteses da Universidades Tiradentes / UNIT.Formação em RPG Original Philippe Souchard. Formação em RPG Avançado em Cervical Philippe Souchard. Formação em Pilates. Fisioterapeuta Rpgista do método Coluna da Casa do Corpo.
Membro da ABRAFIN - Sociedade Brasileira de Fisioterapeutas Neurofuncional.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O poder da amizade.

Laços afetivos ajudam a superar o desconforto em uma sociedade cada vez mais individualista e solitária

 Por Maria Consuêlo Passos*


Compartilhar a vida. Eis um grande desafio em tempos de hipervalorização da individualidade e de enfraquecimento dos laços. Enfrentamos uma época de contradições em que, de um lado, vivemos cada vez mais solitários e, de outro, criamos permanentemente novas possibilidades de convivência. Hoje são inquestionáveis os desdobramentos da família e a abertura para diferentes modos de relações amorosas, parentais e filiais. Isso significa que as sociedades mais libertárias acolhem as idiossincrasias das demandas amorosas e sexuais dos seus sujeitos e lhes oferecem oportunidades de procriação.

Além disso, verificamos uma crescente reabilitação das possibilidades de fazer amizades, incentivadas pela variedade de contextos que favorecem o encontro, com distintas finalidades, seja para o lazer, a prática de esportes e da religião ou mesmo na militância em diferentes associações de defesa dos direitos civis e da cidadania. Entretanto, mesmo com o incremento desses espaços de convivência, a vida continua cada vez mais solitária, e as relações, mais efêmeras nos grandes centros urbanos. Tais evidências são reveladas não só nas pesquisas, mas também na clínica, onde os sofrimentos psíquicos advindos da solidão, da violência relacional e das autodestruições continuam em escala ascendente. Por mais que as descobertas técnico-científicas favoreçam a manutenção da vida, continuamos vulneráveis aos perigos do contato humano.

O individualismo e a solidão têm se tornado características muito fortes da vida nas sociedades ocidentais, obrigando os cidadãos a buscar novas experiências que pudessem sustentar o desconforto e o sofrimento advindos dessas imposições sociais. Analisando esse contexto, a amizade seria uma opção às imposições da sociedade e representa uma saída para a fragilidade das relações surgidas com as exigências da modernização que produziram uma vida solitária e ameaçadora. Entretanto, esse aspecto compensatório da amizade não é o que mais interessa ao filósofo Michel Foucault, um estudioso do tema, e sim o seu caráter transgressivo e de resistência, na medida em que este impulsiona a invenção de formas de vida capazes de implementar uma existência libertadora. Afinal, ele via na amizade a possibilidade de transpor as amarras institucionais das relações, de romper com as formas preestabelecidas e criar novas maneiras de estar criativamente com o outro.

Ao tentar decifrar os sentidos da amizade, Foucault imprime à discussão uma dimensão ética por meio da qual os sujeitos são capazes de romper com os padrões de moralidade vigentes e redimensionar sua vida, criando um estilo próprio de existência. Esse estilo poderá ser recriado permanentemente na presença do outro, o que nos permite pensar em uma sociabilidade que foge ao caráter burocrático e institucionalizado, duas facetas execradas pelo pensamento foucaultiano, que pretendia, acima de qualquer coisa, evidenciar dois aspectos: reinventar a vida por meio de suas relações e barrar o poder inerente à dominação de um sujeito sobre o outro.

É preciso reconhecer que algumas dessas evidências trazidas por Foucault se tornaram realidade. Embora a vida solitária e a vulnerabilidade dos laços de afeto venham revelando um efeito nefasto, adoecendo pessoas e levando-as a diferentes tipos de sofrimento psíquico, é necessário reconhecer que nas últimas décadas têm surgido várias formas de convívio: a família vem sendo reinventada, dando lugar a deslocamentos e transformações nas suas funções e papéis. Hoje é possível verificar, por exemplo, fortes laços e amizade em casais que procuram ajuda de outros para uma procriação assistida. É o caso, por exemplo, de dois homens que buscam uma amiga para receber o sêmen de um deles e conceber uma criança. Algumas vezes forma-se aí uma relação consistente, um misto de amizade e de família, fruto de uma operação não só biológica mas também simbólica, já que um dos parceiros se mantém ausente da procriação de uma criança com a qual poderá, mais tarde, constituir uma relação parental. Há ainda duas outras manifestações interessantes de amizade: a trazida por casais que se separam e, ao constituir novas relações amorosas, mantêm os antigos parceiros no rol dos amigos; e as relações amistosas criadas pelos filhos dos diferentes casamentos de seus pais.

Enfim, se de um lado as relações humanas permanecem frágeis, tensas e em muitos sentidos desestimuladas pelo cotidiano massacrante do trabalho e pelas imposições do mundo fragmentado em que vivemos, de outro, elas têm atualmente maior amplitude de possibilidades de criar e recriar experiências, tanto na vida privada como na pública. Além disso, nos últimos anos as sociedades têm se tornado mais libertárias, e, em consequência, os sujeitos adquirem mais recursos para reconhecer e lutar por seus direitos civis. Gilles Lipovetsky talvez tenha razão ao escrever: “Quanto mais frustrante é a sociedade, mais ela promove as condições necessárias para uma reoxigenação da vida

* Maria Consuêlo Passos psicanalista de casal e família, doutora em psicologia social, pesquisadora de temas de família e desenvolvimento humano, docente do programa de pós-graduação em psicologia clínica da Universidade Católica de Pernambuco.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/amizade.html

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Descubra sete mitos comuns sobre emagrecimento


Comer depois das 18h engorda? Preciso cortar o carboidrato se quiser perder peso? Dieta é mesmo a melhor forma de entrar na calça jeans? Segundo a Fox News, essas e outras questões são dúvidas comuns entre as pessoas que estão em guerra com a balança. A publicação listou sete mitos muito comuns o assunto é perder peso. Confira:

Mito nº 1 - É proibido comer depois das 20h para não acumular gordura 

A verdade: seu corpo não sabe a diferença entre o café da manhã ou o jantar. Por isso, a refeição da noite anterior vai entrar no sistema e ser usada nas atividades da manhã seguinte. Mas fique atento: quando estamos cansados, é comum ingerirmos alimentos calóricos. Se você é desses e não abre mão do lanchinho da noite, deixe opções prontas na geladeira (como frutas cortadas ou legumes semi-cozidos) para saciar a fome sem botar a perder a dieta.

Mito nº 2 - Comer pequenas porções de alimentos acelera o metabolismo 

A verdade: alguns alimentos, incluindo os que contém cafeína, podem fazer o corpo queimar mais calorias. Mas o efeito é pequeno demais para ajudar a perder peso. O que influencia esse processo na verdade é a composição do corpo e o tamanho. Pessoas com maior percentual de massa magra no corpo conseguem queimar mais calorias. Ou seja, invista em modalidades como musculação, pilates e ioga, que estimulam a musculatura do corpo.

Mito nº 3 - Massas fazem você engordar 

A verdade: carboidratos são fonte importante de energia para o corpo. O problema é que as pessoas tendem a comer demais desse alimento junto com outros ingredientes - como molhos e carnes - que contém ainda mais calorias. Pense no macarrão (ou outra massa de sua preferência) como um ingrediente e não a base da receita, misturando com outros alimentos como vegetais e carne magra. Também prefira as opções integrais, que vão manter a fome longe por mais tempo.

Mito nº 4 - Café pode ajudar você a perder peso 

A verdade: o café pode momentaneamente diminuir o apetite, mas não é suficiente para ajudar no emagrecimento. Pior: se você tomar muito da bebida, pode ficar ansioso ter problemas de pressão arterial. Outro problema de exagerar na cafeína é que ela altera o padrão de sono e, cada mais, estudos relacionam a perda de peso com boas noites de descanso. O ideal é manter o consumo (incluindo de chás) em duas xícaras por dia. Se adicionar açúcar ou chocolate, não se esqueça de contabilizar as calorias.

Mito nº 5 - Leite pode ajudar você a perder peso 

A verdade: o cálcio faz bem aos ossos, mas não interfere no acúmulo de gordura no corpo. Na verdade, alguns estudos ligaram o consumo de leite com uma maior ingestão de calorias. Não deixe de consumir laticínios, mas prefira as versões light ou desnatado. Se a ingestão de cálcio for o seu foco, é possível encontrá-lo em vegetais de folha escura (espinafre, brócolis, couve etc.)e produtos enriquecidos com o mineral, como leite de soja e suco de laranja.

Mito nº 6 - Fazer dieta é a melhor forma de emagrecer 

A verdade: a curto prazo, o corpo de fato vai perder peso. No entanto, medidas temporárias causam perdas temporárias, e as chances de engordar novamente são grandes. Por isso, o melhor é fazer uma reeducação alimentar e manter a nova alimentação. O plano funciona melhor se aliado a exercícios físicos, que não apenas ajudam a perder os quilos a mais como também a manter o corpo magro.

Mito nº 7 - Comer proteínas e carboidratos separadamente ajuda a perder peso

A verdade: não existem provas de que comer apenas determinado grupo de alimentos em cada refeição ajuda a emagrecer. Na verdade, unir proteínas com carboidratos integrais (que contém muita fibra) é a melhor maneira de manter o estômago cheio e a fome longe. Apenas saiba escolher: prefira proteínas sem gordura saturada (como carne branca) e carboidratos integrais ou vegetais e frutas. Como demoram mais para serem digeridos, a energia será liberada aos poucos no organismo e a fome vai demorar a bater.


Fonte: http://saude.terra.com.br/noticias/0,,OI5485708-EI16559,00-Descubra+sete+mitos+comuns+sobre+emagrecimento.html#tarticle



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Relacionamentos: as projeções. Por Osho.


É um fato conhecido: você não se apaixona por alguém; você não se apaixona pela pessoa real, você se apaixona pela pessoa de sua imaginação. E enquanto vocês não vivem juntos,  e você vê o outro da sua sacada,  ou você o encontra na praia por alguns minutos, ou você segura suas mãos no cinema, você começa a sentir: “Somos feitos um para o outro” .

Mas ninguém é feito um para o outro. Você vai  projetando mais e mais imaginação sobre o outro, inconscientemente. Você cria um certa aura em torno dele e ele cria uma certa aura em torno de você. Tudo parece ser lindo, porque você faz tudo parecer lindo, sonhando, evitando a realidade.  E ambos ficam sonhando, tentando de todas as formas possíveis não perturbar a imaginação do outro.

Assim, a mulher se comporta do jeito que o homem quer que ela se comporte; o homem se comporta do jeito que a mulher quer que ele se comporte. Mas isso só pode durar alguns minutos ou algumas horas no máximo.

Uma vez que vocês se casem e tenham que viver juntos vinte e quatro horas por dia, torna-se uma carga pesada continuar fingindo alguma coisa que você não é.

Preencher a imaginação do homem ou da mulher, por quanto tempo você pode continuar representando? Mas cedo ou mais tarde torna-se um peso e você começa a se vingar. Você começa a destruir toda a imaginação que o homem criou em torno de você, porque você não quer ficar aprisionada nela; você quer se livrar daquilo e ser você mesma.

E a mesma é a situação com o homem: ele quer se livrar e ser ele mesmo. E esse é o conflito entre todos os amantes, em todas as relações.

A realidade é: somos sozinhos, somos estranhos e será muito melhor se aceitarmos a verdade básica de que somos estranhos. Podemos saber o nome um do outro, podemos ter visto o rosto um do outro muitas vezes – isso não importa. Nossos seres estão tão escondidos e tão lá no fundo, que não há como eu poder tocar o ser de alguém, ou possa ver o ser de alguém – e é aí que reside toda a estranheza. Mas não acho que isso seja uma catástrofe; pelo contrário sinto isso como uma benção. Se não fôssemos estranhos seríamos robôs. Nossa estranheza nos dá individualidade, singularidade.

* Osho (1931-1990), filósofo indiano e um dos maiores líderes espirituais de todos os tempos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Afinal, o que é um diagnóstico?


Por Monica Aiub

"Na interface entre medicina e filosofia, é papel da filosofia questionar os métodos utilizados para a construção dos padrões de diagnósticos, observar até que ponto o olhar do médico não conduz o processo, refletir acerca da singularidade e da plasticidade do funcionamento cerebral, assim como sobre o conceito de mente e suas implicações na compreensão de nossas formas de vida. Da mesma forma que a neurociência provoca a filosofia a rever suas teses, a filosofia possui o papel de provocar a neurociência a rever suas construções, a movimentar-se diante do vivido"

Conforme abordado no artigo “Eu sou um diagnóstico”, um diagnóstico surge muitas vezes como uma questão no consultório de filosofia clínica. “Qual o significado de um diagnóstico recebido?” é a questão proposta pelo leitor, que provoca algumas reflexões aqui expostas.

Para abordar a questão do significado de um diagnóstico, é preciso observar quais os processos traçados para delineá-lo, assim como outras questões que estabelecem interfaces entre filosofia e medicina. 

Iniciando pelo processo de estabelecimento de um diagnóstico, é possível falar em diagnósticos: sindrômico, anatômico ou topográfico, e etiológico. O primeiro, sindrômico, parte da observação de sinais e sintomas. Sintomas são descrições do paciente, e sinais são observações do médico, verificáveis no paciente. Em outras palavras, quando o paciente chega ao consultório e, perguntado pelo médico sobre “o que se passa”, “o que sente”, ele relata suas dores, seu estado.

Há, em seu relato, um conjunto de sintomas que se delineia. Tal conjunto é constituído por descrições em primeira pessoa, acessíveis somente ao paciente, que relatará ao médico seus “estados mentais”: crenças, desejos, ilusões, dores, sentimentos, pensamentos, sonhos, etc. O médico, por sua vez, interpretará os sintomas, juntamente com os sinais observados, a partir dos conhecimentos em medicina sobre as possíveis síndromes. Isto significa que, além de um vasto conhecimento acerca das síndromes em medicina, o médico precisa saber contextualizar e significar os sintomas relatados por seu paciente, e o paciente precisa saber descrever o que sente, algo que nem sempre é fácil.

Os sinais são observados pelo médico, avaliados e interpretados de acordo com os padrões de normalidade, saúde e doença, estabelecidos pelas pesquisas em medicina. Tais observações ocorrem em linguagem de terceira pessoa, ou seja, há critérios objetivos, científicos para tais observações. O diagnóstico sindrômico tem seu primeiro momento na análise dos dados observados nos sinais (linguagem em terceira pessoa) e sintomas(linguagem em primeira pessoa). A partir desses, o médico levanta as hipóteses de diagnóstico e, dependendo do caso, solicita exames para verificar suas hipóteses ou descartar outras possibilidades. 

Em se tratando de questões relativas a transtornos mentais, os sinais observados referem-se a: Aparência e comportamento (Idade aparente; asseio e autocuidado; vestuário ; expressão facial; postura; atividade motora; atitude; relação com o médico), fala e linguagem (fluxo de palavras, compreensão; organização, lógica e coerência; obsessões, divagações, fuga de ideias; associações frouxas, perseveração), afeto (expressão facial; voz; movimentos corporais), conteúdo do pensamento (preocupações; fenômenos psicóticos; distorções da percepção; ideação suicida) e cognição (consciência; atenção; orientação e memória; lastro de conhecimento; cálculos; abstrações; julgamento). 

É interessante observar o quanto é ou não possível avaliar objetivamente os dados descritos acima. É preciso que o médico possua muita habilidade para identificar as sutilezas que diferenciam questões orgânicas de questões contextuais. Obviamente, para estabelecer tais distinções o médico precisaria conhecer os contextos de seu paciente, seu modo de pensar, sentir, agir, suas formas de expressão, a fim de não confundir, por exemplo, tristeza, melancolia e depressão. Precisará, também, solicitar uma série de exames, a fim de analisar suas hipóteses.

Como não há exames laboratoriais para ratificar transtornos mentais, os exames solicitados são, em sua maioria, para descartar outras possibilidades, especialmente aquelas que se refiram a efeitos fisiológicos de uma substância ou a um estado geral de saúde. Passamos, portanto, à segunda fase do diagnóstico: o diagnóstico anatômico ou topográfico. 

Se observarmos as questões relativas a processos cognitivos, apresentadas nos casos de transtornos mentais, os exames comuns são as neuroimagens (tomografias, ressonâncias magnéticas, etc.). Conforme apresentado no artigo “Por que é importante fazer filosofia da neurociência?” (veja aqui),
apesar de, no senso comum, acreditarmos no “mito da transparência”, tal como nos descrevem Ortega e Zorzanelli, “As imagens cerebrais não são fotografias de um cérebro real, mas a reconstituição visual de parâmetros estatísticos e matemáticos e, por isso, são imagens de números e não de cérebros.” (2010: 52).

Uma tomografia é extremamente útil para detectar coágulos, tumores, uma vez que se trata da combinação de vários cortes no corpo em ângulos e níveis diferentes; uma ressonância permite uma imagem tridimensional, mas nenhum exame de neuroimagem consegue captar nossos estados mentais: nossas dores, sentimentos, pensamentos, crenças. Dependemos, ainda, da descrição numa linguagem em primeira pessoa, e de uma interpretação adequada a tal descrição, para coletarmos os dados necessários para uma avaliação. Além disso, os exames solicitados relacionam-se diretamente às hipóteses do médico, advindas de um diagnóstico sindrômico, o que implica na possibilidade de outras hipóteses serem negligenciadas se ocorrer uma interpretação inicial equivocada, ou ausência de dados que indiquem tais hipóteses. 

O terceiro momento do processo é o diagnóstico etiológico, ou seja, a causa. Se há a hipótese de um hipotireoidismo gerando sintomas que poderiam se confundir com depressão, por exemplo, um exame de sangue poderá confirmar ou descartar a hipótese. Uma vez confirmada, conhecemos a causa daqueles sinais e sintomas e, consequentemente, as formas de tratamento.

No caso de transtornos mentais, não há como estabelecer diagnósticos etiológicos. Temos hipóteses sobre possíveis causas, como por exemplo, a hipótese dopaminérgica para a esquizofrenia, mas não temos causas definitivamente comprovadas. 

Todo esse discurso não tem por objetivo desvalorizar a prática médica. Ao contrário, o trabalho de um médico é de extrema importância, e os métodos utilizados para definir diagnósticos, prognósticos e tratamentos são métodos construídos com base em pesquisas desenvolvidas com bastante seriedade. Contudo, é importante lembrar que as conclusões de tais pesquisas são conclusões prováveis; que um exame é realizado por amostragem, por cálculos estatísticos e matemáticos, e que o conhecimento que possuímos acerca dos processos que constituem nosso organismo ainda é muito pequeno para zerarmos a margem de erro. 

Quando trabalhamos com questões que envolvem transtornos mentais, a situação é muito mais complexa, pois sequer conseguimos definir o que é um estado mental. Seria ele um estado cerebral? O que estaria gerando tal estado? Que interações orgânicas poderiam alterar esse estado? Que acesso temos às informações acerca do que ocorre em nossos estados mentais? Ou acerca do que ocorre em nosso cérebro?

Horwitz e Wakefield em “A tristeza perdida”, afirmam: “Argumentamos que, se as pesquisas sobre o cérebro não considerarem o contexto em que a tristeza se manifesta, correm o risco de diagnosticar equivocadamente um transtorno depressivo em indivíduos que sofrem de tristeza normal e de fazer de suas amostras uma mistura heterogênea de participantes normais e com transtorno. A tristeza normal, tanto quanto o transtorno depressivo, tem estados cerebrais correlatos e pode incluir sintomas de tristeza intensa. Indivíduos vivenciando tristeza normal podem ter alguns dos mesmos marcadores biológicos que aqueles que têm um transtorno genuíno.” (2010: 208). Mais adiante, no mesmo texto, comentando as críticas do passado que condenavam o uso de medicamentos para lidar com os problemas cotidianos, afirmam: “Hoje, numa grande reviravolta, os critérios diagnósticos baseados em sintomas facilmente transformaram o ‘estresse da vida cotidiana’ em indício de doença. Certamente, há um meio-termo mais sensato.” (2010: 224). 

Na interface entre medicina e filosofia, é papel da filosofia questionar os métodos utilizados para a construção dos padrões de diagnósticos, observar até que ponto o olhar do médico não conduz o processo, refletir acerca da singularidade e da plasticidade do funcionamento cerebral, assim como sobre o conceito de mente e suas implicações na compreensão de nossas formas de vida. Da mesma forma que a neurociência provoca a filosofia a rever suas teses, a filosofia possui o papel de provocar a neurociência a rever suas construções, a movimentar-se diante do vivido. 

Por sua vez, a compreensão do significado de um diagnóstico, no consultório de filosofia clínica, depende do significado atribuído pela pessoa, assim como da gravidade da situação e da existência de uma estrutura de acolhimento e cuidado para aquela pessoa. Obviamente, mais do que acolher e cuidar, a filosofia clínica se propõe a conhecer a pessoa que existe para além de um diagnóstico, auxiliando a encontrar formas possíveis e desejáveis de vida a partir do diagnóstico delineado. Por inúmeras vezes, um diagnóstico significa, bem distante de um fim, a possibilidade de recomeços, em novos formatos. 

Referências Bibliográficas:

AIUB, M. Como ler a filosofia clínica: Prática da autonomia de pensamento. São Paulo: Paulus, 2010.
BENNETT, M.; HACKER, P. Fundamentos filosóficos da neurociência. Lisboa, Instituto Piaget, 2005. 
GAZZANIGA, M; IVRY, R; MANGUN, G. Neurociência Cognitiva: a Biologia da mente. Porto Alegre: ARTMED, 2006.
HORWITZ, A; WAKEFIELD, J. A tristeza perdida: Como a psiquiatria transformou a depressão em moda. São Paulo: Summus editorial, 2010. 
LENT, R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos Fundamentais de Neurociência. São Paulo: Atheneu, 2010.
_____ (org). Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
LÓPEZ, M. O processo diagnóstico nas decisões clínicas: Ciência, Arte, Ética. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. 
MORAES, A. P. Q. O livro do cérebro, 1: Funções e anatomia. São Paulo: Duetto, 2009. 
ORTEGA, F.; ZORZANELLI, R. Corpo em evidência: A ciência e a redefinição do humano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. 
TEIXEIRA, J. F. Como ler a Filosofia da Mente. São Paulo: Paulus, 2010.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/filosofia_clinica_diagnostico.htm

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dieta de baixa acidez pode reduzir queimação no estômago


Por Tara Parker Pope/The New York Times

Entre os alimentos altamente ácidos estão os refrigerantes diet e frutas como o morango. O ácido estomacal é, há muito tempo, apontado como causador de males como refluxo e azia. Mas agora, alguns especialistas começam a afirmar que o problema não está só no ácido estomacal que sobe, e sim, no tipo de comida que desce.

A ideia tem recebido atenção ultimamente, notavelmente em livros populares como "Crazy Sexy Diet" e "The Acid Alkaline Food Guide" - que afirmam que os leitores podem melhorar sua saúde concentrando-se no equilíbrio acido-básico na dieta, principalmente comendo mais vegetais e dterminadas frutas, e menos carnes e alimentos processados.

Embora a ciência por trás de tais afirmações não seja definitiva, algumas pesquisas sugerem que haja benefícios numa dieta de baixa acidez. Estudos recentes indicam uma ligação entre a saúde dos ossos e uma dieta de baixa acidez, enquanto outros estudos sugerem que a acidez da dieta ocidental aumenta o risco de diabetes e doenças cardíacas.

Refluxo

Este ano, um pequeno estudo concluiu que limitar a ingestão de alimentos ácidos pode aliviar sintomas de refluxo como tosse e rouquidão em pacientes que não obtiveram melhora com tratamento à base de medicamentos, de acordo com a publicação científica Annals of Otology, Rhinology & Laryngology.

No estudo, 12 homens e 8 mulheres com sintomas de refluxo, que não melhoraram com medicação, foram colocados numa dieta de baixa acidez durante duas semanas, eliminando todos os alimentos com pH menor que 5. Quanto menor o pH, maior a acidez; entre os alimentos altamente ácidos estão refrigerantes diet (2,9 a 3,7), morangos (3,5) e molho barbecue (3,7). De acordo com o estudo, 19 entre 20 pacientes melhoraram depois da dieta de baixa acidez, e 3 eliminaram todos os sintomas.

A autora do estudo, Jamie Koufman, especialista em distúrbios da voz e refluxo laringo-faríngeo (o tipo associado à rouquidão), defende a dieta de baixa acidez em seu novo livro, "Dropping Acid: The Reflux Diet Cookbook & Cure."

Medicamentos contra refluxo agem neutralizando ou reduzindo o ácido produzido no estômago. Mas, apesar do ácido estomacal ser um fator, diz Koufman, o verdadeiro culpado em muitos pacientes é a pepsina, uma enzima digestiva que pode existir no esôfago. Nesses pacientes, diz ela, não é suficiente neutralizar o ácido que sobe do estômago.

"Uma vez que você tenha pepsina no tecido, o acido ingerido é igualmente danoso," disse ela. "Quando você bebe um refrigerante e sente dor no peito, pode ser por causa do ácido que sobe ou por causa do ácido que vem de cima."

Alimentos de baixa acidez equilibram a dieta: menos alimentos de alta acidez e mais alimentos de alta alcalinidade. A escala de pH vai de 0 a 14; a água destilada tem um pH de 7 e é considerada neutra, e a acidez aumenta 10 vezes a cada unidade de pH que diminui. Um alimento com pH 4 é 10 vezes mais ácido que um com pH 5. (o pH do ácido estomacal varia de 1 a 4.)

Conservantes

Nos EUA, os alimentos processados e envasados são particularmente ácidos devido às regras federais que exigem alta acidez como conservante, disse Koufman. Ela nota que o aumento do consumo de tais alimentos coincide com o espantoso aumento dos casos de câncer de esôfago causado por refluxo ácido crônico.

Para aliviar a azia e os sintomas de refluxo, ela recomenda uma dieta "introdutória" estrita, por duas semanas, sem nada que tenha pH inferior a 5 - nenhuma fruta exceto melão e banana, nada de tomate ou cebola, mas muito de outros vegetais, grãos integrais e peixe ou frango sem pele. Alimentos de alta alcalinidade incluem banana (5,6), brócolis (6,2) e aveia (7,2).

Alguns alimentos devem ser eliminados por razões outras que não a acidez. Independentemente dos níveis de pH, carnes gordurosas, laticínios, cafeína, chocolate, bebidas gasosas, frituras, álcool e hortelã são conhecidos por agravar os sintomas de refluxo. Outros alimentos como alho, nozes, pepino e pratos muito condimentados também podem desencadear o refluxo em alguns pacientes.

Para as pessoas que não têm refluxo grave, Koufman sugere uma dieta de manutenção evitando alimentos com pH inferior a 4, que permite itens como maçã, framboesa e iogurte.

Ela observa que a dieta não é tão radical, e é coerente com as recomendações de vários médicos de uma alimentação rica em vegetais, grãos integrais e com redução de carnes e alimentos gordurosos. Mesmo assim, muitas pessoas que seguem dietas relativamente saudáveis podem estar ingerindo muitos alimentos ácidos demais, como refrigerantes diet e sucos cítricos. Ela diz que, uma vez que a pessoa conheça o básico sobre a acidez dos alimentos, assim como quais são seus alimentos-gatilho, é uma dieta relativamente simples de se seguir.

"É um processo de tentativa e erro," disse Koufman. "Os grãos são bons, assim como a maioria dos vegetais. Nada que venha enlatado ou envasado, exceto água, é bom. E feche a cozinha às oito da noite."

Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2011/11/14/dieta-de-baixa-acidez-pode-reduzir-queimacao-no-estomago.jhtm

Ginecomastia atinge cerca de 40% dos homens


Por Juliana Crem

O verão traz o sol, o calor e as férias na praia. Não é incomum, todavia, ver que alguns homens e adolescentes insistem em ir para a praia com camisetas largas que não tiram de jeito nenhum. Para alguns deles, a medida é uma forma de esconder um problema estético que pode ser também de saúde: a ginecomastia.

A ginecomastia é o aumento das mamas masculinas, que podem inclusive ficar maiores do que os seios femininos, e que afeta a vida emocional e também física de cerca de 40% da população masculina. Roberto Stefanelli, cirurgião plástico do Hospital Santa Virgínia, da capital paulista, contou que o problema acontece, frequentemente, por conta de disfunção hormonal, uso de medicamentos ou drogas e até pode ser idiopática (sem causa identificável). "A região mamária aumenta de volume devido ao acúmulo de gordura, desenvolvimento da glândula mamária ou ambos", explicou.

Alan Landecker, cirurgião plástico da clínica que leva seu nome, em São Paulo (SP), disse ainda que há a pseudo-ginecomastia, que acontece quando a mama cresce única e exclusivamente por causa de gordura. "Tive um paciente que se queixava do peso das mamas, porque sentia desconforto físico. Fizemos uma lipoaspiração e tiramos mais de 1l de gordura, que pesava para ele cerca de 1,5kg."

O mal que te faz

O crescimento das mamas pode afetar bastante a autoestima e a sociabilidade masculina, em especial na fase da adolescência. "Eles têm grandes queixas de dificuldade de relacionamentos afetivos por vergonha, mesmo com amigos", lembrou o cirurgião do Hospital Santa Virgínia, que afirmou ainda que o problema pode afetar também a saúde física do portador, já que "é comum recebermos pacientes com problemas de coluna por manterem posições viciadas, como a de dobrar os ombros para frente para esconder o aumento das mamas".

A ginecomastia se apresenta em três graus, sendo o primeiro o mais leve, com aumento apenas nas aréolas e o terceiro , o mais grave, com o aumento da mama até o tórax e sobra de pele. "Já tivemos pacientes com as mamas maiores do que a de algumas mulheres. Lembro de um que tinha uma irmã que queria colocar prótese e ela dizia na consulta que queria ter as mamas do mesmo tamanhos das do irmão. Isso provoca um trauma grande na família toda, fora os problemas psicológicos e a formação de câncer de mama, que não é comum, mas pode acontecer", descreveu Roberto Stefanelli.

O problema pode ainda afetar apenas um dos lados do corpo, criando assimetria e Landecker contou que a ginecomastia pode ser levemente dolorida, mas não é o comum.

Na mesa de cirurgia

Há diversas maneiras de tratar a ginecomastia e cada caso deve ser estudado individualmente. Alan Landecker contou que há casos leves, em especial em adolescentes, nos quais não se faz nada, além de esperar o crescimento do paciente e a normalização do tamanho da mama. "Mas o procedimento cirúrgico é, habitualmente, o que resolve o problema", disse Stefanelli.

Dentre as cirurgias que podem ser realizadas para sanar o problema, estão a lipoaspiração com ou sem retirada de tecido mamário, em casos moderados, e, em casos mais graves, "temos que retirar gordura, tecido mamário, que não vai fazer falta, e pele. É um procedimento semelhante ao da mamoplastia que realizamos nas mulheres", ensinou Landecker.

Em adolescentes que sofreram com o efeito sanfona, a ginecomastia é um problema comum, mas os profissionais alertaram que uma cirurgia só é realizada após a estabilização do peso ideal por, pelo menos, seis meses. Além disso, "devemos pesquisar a provável causa do aumento do volume mamário e, caso seja identificada, um tratamento deve ser realizado antes da cirurgia", contou Stefanelli, já que problemas hepáticos e renais também podem contribuir com o crescimento das mamas. "Fazemos uma ultrassonografia também para detectar se o aumento da mama é por causa de gordura, tecido mamário ou ambas", disse o cirurgião do Hospital Santa Virgínia. Mamografias também podem ser utilizadas.

Se o paciente não apresenta problemas físicos associados, a cirurgia acontece pela manhã, com alta no mesmo dia. No pós-operatório é preciso usar cinta elástica, que parece um sutiã específico, por até três meses após a cirurgia, fazendo drenagem linfática no terceiro dia pós-cirurgia - cerca de cinco sessões -, para reduzir o inchaço, a formação de hematomas e a possibilidade de nódulos de fibrose embaixo da pele, que a deixariam irregular.

A primeira semana é de repouso total. Após a segunda semana já é permitido dirigir. Exercícios físicos são plenamente liberados após um mês, assim como abaixar para pegar objetos e crianças.

Fonte:http://vidaeestilo.terra.com.br/homem/interna/0,,OI5466203-EI14242,00-Ginecomastia+atinge+cerca+de+dos+homens+saiba+mais.html

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

8 motivos médicos por trás da fadiga


O cansaço sem fim muitas vezes não é provocado por excesso de trabalho ou estresse nas alturas. Em certos casos, ele pode ser sinal de alguma pane no organismo

Por Mariana Agunzi 

Ela parece uma companheira chata que insiste em não se ausentar. Durante o dia, à noite, no trabalho e até mesmo logo após acordar, marca presença e teima em sugar as nossas energias. Estamos falando da fadiga, aquele cansaço interminável e persistente que dá a sensação de que qualquer atividade cotidiana exige um esforço sobre- humano para ser realizada.

O problema pode ser, sem dúvida, um reflexo da vida moderna. Afinal, passar horas no trânsito todos os dias, trabalhar demais e viver naquele estresse constante acaba levando ao esgotamento do corpo e da mente. Porém, existem outros casos em que a fadiga pode ser consequência de uma noite maldormida ou, mais grave ainda, sintoma de uma doença. "Muitas vezes, os pacientes se queixam de falta de energia. Mas trata-se de uma expressão muito vaga, capaz de indicar desde sonolência até depressão", analisa o neurologista Israel Roitman, especialista em medicina do sono do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

O fato é que a canseira exacerbada tem origem de fato no cérebro. Ele envia a todo momento impulsos elétricos para o corpo, e esses impulsos, ao chegarem aos músculos, sofrem reações químicas, resultando em energia mecânica — ou seja, nos movimentos. "A fadiga é fruto de um desequilíbrio, ou seja, quando não há harmonia entre esses estímulos", afirma Cláudio Pavanelli, fisiologista do Flamengo, no Rio de Janeiro.

É claro que ninguém está fadado a viver lutando para manter o pique em alta. Algumas mudanças no estilo de vida já ajudam a repor o gás total. Além disso, entender as causas do esgotamento é primordial para domá-lo, principalmente nos casos em que ele vem de enfermidades. Por isso, nada de desanimar: o importante é se mexer e recarregar as baterias.

A síndrome da fadiga crônica Quando o cansaço persiste por meses a fio e não tem causa definida, ele pode ganhar essa alcunha. Apesar de não ter sido completamente desvendada, os pesquisadores acreditam que a síndrome da fadiga crônica decorre de infecções e doenças autoimunes. Para contorná-la, exercícios físicos e hábitos alimentares saudáveis são essenciais.

Por que a pilha fica fraca?

1.Diabete. Como a principal marca da doença é a dificuldade de o açúcar entrar nas células, seja pela falta de produção de insulina, seja pela incapacidade desse hormônio de trabalhar, a glicose no sangue se eleva. "e a glicemia alta faz o indivíduo urinar mais, emagrecer e perder massa magra. Por isso, é comum diabéticos terem cansaço muscular", afirma Maria Ângela Zaccarelli, euroendocrinologista do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.

2. Anemia. escassez de ferro não tem como sinal único a pele pálida. a fadiga é uma de suas características predominantes. "a anemia pode causar cansaço, sono, desânimo, queda de cabelos e até mesmo falta de ar", afirma a nutricionista Roseli Ueno, da Universidade de São Paulo. Nas mulheres, é um fenômeno mais recorrente durante a menstruação, quando a perda de sangue aumenta o déficit de ferro no organismo.

3. Apneia. O popular ronco destrói a qualidade do sono do indivíduo. ele é duas vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres e, por se distinguir pela interrupção da passagem do ar pela garganta, provoca o ruído e despertares breves durante a noite. essa insconstância durante o repouso noturno pode ter como consequência uma leseira sem hora para acabar no dia seguinte.

4. Depressão. Vigor abaixo de zero é um traço de quem padece desse problema. apesar de ser uma doença de origem psíquica, a depressão mina a disposição física. "Nela, ocorre um processo inflamatório dentro dos neurônios que atrapalha seu funcionamento. e isso acaba gerando o cansaço", afirma o psiquiatra teng Chei tung, do instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

5. Fibromialgia. Essa síndrome aflora a sensibilidade para a dor. estima-se que apenas um homem a cada oito mulheres apresenta a doença, que tem raiz genética, podendo passar de mãe para filha. as dores constantes levam à debilitação. "a pessoa pode ter o sono perturbado e levantar fatigada, sem falar que a própria dor já gera indisposição", explica o reumatologista Roberto Heymann, da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

6. Doença cardíaca. Piripaques no peito também estão na lista dos motivos por trás de uma letargia. arritmia e entupimento de artérias são alguns dos precursores da canseira exacerbada. "o coração problemático não bombeia direito o sangue para todos os órgãos. Com isso, eles tendem a entrar em falência", avisa Ricardo Pavanello, supervisor de cardiologia do Hospital do Coração de São Paulo. Sinal do perigo: uma baita fadiga

7. Distúrbios da tireoide. Os hormônios tireoidianos são vitais para manter o metabolismo aceso. Uma característica comum entre o hipertireoidismo, quando a tireoide trabalha demais, e o hipotireoidismo, situação em que a glândula fica lenta, é a apatia total. "o coração bate muito rápido e o indivíduo se queixa de cansaço extremo", afirma Maria Ângela Zaccarelli.

8. infecções. Além da febre, outro sinal que deve ser notado nesses casos é a diminuição, por assim dizer, da vitalidade. Seja naquela gripe passageira, seja em um quadro mais severo, como a hepatite, a pessoa fica enfraquecida, em maior ou menor grau. "é que o organismo concentra suas forças na luta contra o agente infeccioso", justifica o infectologista Plínio trabasso, da Universidade estadual de Campinas, no interior paulista. daí o esgotamento do indivíduo.

6 táticas para recarregar as baterias. Hábitos e atitudes que energizam o dia a dia

1.Checkups. Se a fadiga não vai embora, o importante é procurar auxílio de um médico. ele poderá pedir exames como hemograma, teste de glicemia, dosagem hormonal e outros mais específicos, caso do eletrocardiograma e do teste de função hepática, que ajudam a identificar o que está prejudicando a disposição.

2. Hidratação. Para quem não quer se cansar, um conselho: manter o corpo abastecido de líquidos pode ser uma tática de sucesso. "Se a pessoa não se hidratar, as células vão extrair a água da circulação. o sangue se torna mais denso e a absorção da energia também vai ser dificultada", explica o fisiologista Cláudio Pavanelli.

3. Alimentar-se regularmente. Fazer refeições a cada três horas é outro segredo para afastar a fadiga ao evitar a queda brusca das taxas de açúcar no sangue. "a maioria dos indivíduos que reclamam de falta de energia não come direito", ressalta Roseli Ueno. Proteínas, carboidratos, fibras e gorduras como o ômega-3 devem estar no cardápio.

4. Exercícios físicos. Exercitar o corpo melhora a captação, o transporte e a utilização do oxigênio em nosso organismo. Coração, pulmão e músculos conseguem converter mais desse gás em energia. Por isso, deixar a preguiça de lado e mexer o corpo é um excelente começo para driblar o cansaço constante.

5. Dormir bem. Pregar os olhos por pelo menos oito horas é sinônimo de disposição. o neurologista israel Roitman dá a receita do bom sono: evitar álcool, bebidas cafeinadas e refeições pesadas; ir para a cama sempre no mesmo horário; por fim, nada de ver tv, usar o computador e se exercitar até três horas antes de dormir. 

6. Atividades prazerosas. Atenuar o estresse é fundamental para fugir da indisposição. e nada melhor do que fazer aquilo de que se gosta para chacoalhar a rotina. "as atividades prazerosas são estimulantes para o cérebro e para o corpo. enfim, evitam que a gente enferruje", afirma o psiquiatra teng Chei tung.